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 | 14/03/2008 13h42min

Tibete vive seus piores distúrbios em décadas com protestos de monges

Governo dos EUA pediu para que americanos deixem o país

A capital tibetana, Lhasa, vive hoje os piores conflitos das suas duas últimas décadas após vários dias de protestos de monges budistas que deixaram vários feridos, além de estabelecimentos e carros incendiados.

A explosão de violência de hoje é o ápice dos protestos protagonizados por centenas de monges budistas, que tiveram início em 10 de março para a realização do 49º aniversário de uma rebelião fracassada contra o mandato chinês que terminou com a fuga para o exílio do Dalai Lama, líder espiritual tibetano.

Os combates entre as tropas chinesas e os manifestantes (monges e civis) acontecem ao longo do dia de hoje, enquanto os habitantes de Lhasa preparam novos protestos, informa a instituição Campanha Internacional pelo Tibete. Após receber informações sobre os tiroteios, a Embaixada dos Estados Unidos em Pequim pediu que seus cidadãos abandonem imediatamente Lhasa e solicitou precaução aos moradores de Pequim.

Em meio ao silêncio do governo chinês a agência oficial "Xinhua" enviou um porta-voz para relatar o que acontece em Lhasa, embora suas informações não ofereçam maiores detalhes sobre os distúrbios. Segundo testemunhas citadas pela agência, várias pessoas estão hospitalizadas após vários estabelecimentos e veículos terem sido incendiados ao longo das duas ruas principais da cidade, próximas ao templo de Jokhang e ao mosteiro de Ramogia.

A emissora "Radio Free Asia" informou que pelo menos dois manifestantes morreram em conseqüência de tiros dados pela polícia chinesa. Entretanto, informações não confirmadas falam de um número de mortos ainda maior, diz um comunicado.

A emissora também informou que dois monges do mosteiro de Drepung, onde os protestos tiveram início, estão em estado grave após tentarem o suicídio, enquanto religiosos de outro templo iniciaram uma greve de fome em protesto pela repressão chinesa.

As tropas do Exército de Libertação Popular da China ocuparam o Tibete em 1951 com o intuito de acabarem com o sistema "feudal e escravocrata" que, segundo Pequim, imperava na região. A última "insurreição" contra o Governo chinês no Tibete aconteceu em 1989 e começou no mesmo 10 de março. Esta rebelião, que deixou dezenas de mortos, levou o governo chinês a declarar a lei marcial durante 13 meses.

Na época, o atual presidente chinês, Hu Jintao, era secretário-geral do Partido Comunista da China (PCCh) no Tibete, a

principal autoridade na região. Ainda não se conhece uma reação oficial do governo chinês, envolvido nos preparativos para os Jogos Olímpicos de 2008, que começarão no próximo mês de agosto. No entanto, o Ministério de Assuntos Exteriores disse hoje à Efe que não dispõem de maiores informações, apenas as dadas ontem por um de seus porta-vozes, que afirmou que a situação estava controlada e que os protestos eram uma "argúcia estúpida" do Dalai Lama.

A Polícia de Lhasa afirmou à Efe que também não conta com maiores informações sobre os conflitos, assim como a Prefeitura e o Ministério da Segurança Pública.

A censura do governo chinês à imprensa estrangeira foi reforçada e afeta especialmente as emissoras de TV, que não podem oferecer imagens. Enquanto isto, o governo tibetano em exílio na Índia reivindicou a mediação da "comunidade internacional" após os distúrbios, e pediu que as autoridades chinesas tomem uma postura "moderada" após o lançamento de gás lacrimogêneo pela polícia. Os protestos em Lhasa não são os únicos. No norte da Índia, mais de cem tibetanos foram presos ontem quando participavam de uma manifestação contra a ocupação chinesa do Tibete e contra a realização dos Jogos de Pequim.

O Dalai Lama afirmou no dia 10 de março que "a língua, os costumes e as tradições do Tibete estão desaparecendo gradualmente", acrescentando que os tibetanos "tiveram que viver em estado de constante medo, intimidação e suspeita sob a repressão chinesa".

— A repressão continua aumentando com múltiplas, inimagináveis e grosseiras violações dos direitos humanos a negação da liberdade religiosa e a politização das questões religiosas — afirmou.

EFE
 
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