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 | 21/12/2007 20h26min

Investigação confirma financiamento da Venezuela à campanha argentina

Governo venezuelano teria oferecido US$ 2 mi para empresário não revelar origem do dinheiro

A descrição detalhada da Promotoria dos Estados Unidos no chamado "caso da mala" confirma a ligação da Venezuela no financiamento da campanha eleitoral da presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner. Segundo os documentos, o diretor dos Serviços de Inteligência e Prevenção da Venezuela (Disip), citado sob o pseudônimo de Arvelo, também tentou evitar que fossem conhecidas a origem e destino do dinheiro. Os dados fazem parte da documentação que a promotoria divulgou e que permitiu que um grande júri federal dos EUA apresentasse acusações formais contra quatro venezuelanos e um uruguaio por atuar e conspirar na Argentina como agentes a serviço da Venezuela.

Os quatro detidos - um está foragido - comparecerão no próximo dia 28 perante um tribunal de Miami para se declararem culpados ou inocentes das acusações que lhes foram imputadas. No processo foi incluída uma descrição detalhada de ligações telefônicas, entrevistas e reuniões "secretas" que eles teriam tido com o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson. O objetivo dos encontros, que ocorreram entre 23 de agosto e 11 de dezembro, segundo a promotoria, era conseguir que Wilson não informasse a origem da mala com US$ 790 mil e seu destino final: a campanha eleitoral da atual presidente argentina.

Cristina e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, ficaram revoltados com as acusações e investigações do FBI (polícia federal americana) e da promotoria. Ambos disseram que se trata de uma tentativa de minar seus governos. Os acusados no processo formal são os venezuelanos Carlos Kauffmann, de 35 anos, Franklin Durán, de 40, Moisés Maionica, 36, e o uruguaio Rodolfo Edgardo Wanseele Paciello, de 40. O outro suspeito, o venezuelano Antonio José Canchica Gómez, de 37 anos, está foragido.

A Promotoria descreve as reuniões que os réus tiveram com Wilson em restaurantes como Jackson's Steakhouse de Fort Lauderdale, ao norte de Miami, ou no café Starbucks. O empresário foi várias vezes advertido de que deveria dizer que o dinheiro era seu, se não quisesse se ver envolvido em "problemas" na Venezuela. Nos encontros, os suspeitos disseram que várias autoridades do governo venezuelano, pertencentes ao escritório do vice-presidente, a Disip, e do Ministério da Justiça estavam a par do caso da mala.

Numa conversa telefônica de 6 de novembro, Maionica avisou a Wilson que o diretor da Disip, entraria em contato com ele na mesma tarde para acertar os detalhes da operação. Num encontro realizado no restaurante Bravo de Fort Lauderdale, 24 dias depois, Maionica confirmou ao empresário que ele mesmo estava "envolvido na conspiração em nome da Disip e de funcionários de alta categoria do governo". Na última reunião, que se deu no mesmo restaurante, Durán entregou a ele três documentos elaborados para esconder a origem do dinheiro e seu destino.

Na audiência da última segunda-feira, o promotor-adjunto Thomas Mulvihill disse que dois dos acusados, cujos nomes não foram revelados, supostamente ofereceram a Wilson US$ 2 milhões para que ficasse em silêncio sobre a procedência do dinheiro apreendido em Buenos Aires.

EFE
 
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