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 | 06/12/2007 09h14min

Fatec nomeia novas pessoas para cargos de suspeitos de envolvimento na fraude do Detran

Passado um mês da Operação Rodin, UFSM não iniciou a sindicância interna

Iara Lemos e Jaqueline Silveira

Há exatamente um mês, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), maior instituição de ensino público do interior do Estado, acordou  sitiada por dezenas de policiais federais que tinham três alvos específicos no campus: a Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência (Fatec), a Comissão Permanente do Vestibular (Coperves) e a sede do Programa Trabalhando Pela Vida. Era o começo da Operação Rodin, que desarticulou uma fraude que teria desviado cerca de R$ 44 milhões dos cofres públicos por meio de contratos entre as fundações de apoio ligadas à UFSM — Fatec e Fundação para o Desenvolvimento e o Aperfeiçoamento da Educação e da Cultura (Fundae) — e o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).

Como funcionava a fraude no Detran

Ao todo, 13 pessoas tiveram a prisão temporária decretada, entre eles o então diretor-executivo da Fatec, Silvestre Selhorst e o presidente da Coperves e coordenador do Trabalhando pela Vida, Dario Trevisan de Almeida. Além das prisões temporárias, a Justiça Federal também decretou o afastamento de seis pessoas suspeitas de envolvimento na fraude de seus cargos públicos. Entre elas, o então presidente da Fatec, Luiz Carlos de Pellegrini. Hoje, passado um mês da Rodin, as únicas mudanças concretas na fundação foram a substituição dos suspeitos. Carlos Bolli assumiu a presidência e Alberto Binatto o Trabalhando pela Vida. A análise de cada um dos 400 projetos da Fatec ainda não foi iniciada pela fundação. O cargo de diretor executivo ainda continua em aberto. Os trabalhos ao Detran, de confecção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), continuam sendo prestados sem alterações pela fundações.

— A fundação continua prestando serviços para o Detran, sem alteração. Agora, se o contrato seguirá, ainda é algo que não sabemos — disse Brunet.

Ainda nesta quarta-feira, Brunet foi notificado da decisão da Justiça que determina que o Detran deposite, em juízo, 30% do valor que seria pago às fundações de apoio. As fundações, por sua vez, estão proibidas de fazer pagamentos para 52 pessoas, que seriam relação com as empresas que teriam sido subcontadas para fazer o serviço para o qual a própria fundação era a contratada pelo Detran. Outros contratos, segundo Brunet, não foram afetados, bem como pagamentos para a manutenção do projeto Trabalhando pela Vida, como monitores e examinadores.

— Ainda estamos analisando os fatos. Tivemos um transtorno grande na credibilidade da fundação que precisamos recuperar — diz o advogado da Fundação, Renato Brunet.

No dia 12 de novembro, o reitor da UFSM, Clovis Lima, determinou a abertura de uma sindicância para apurar a suposta participação de Dario Trevisan nas fraudes, mas o procedimento ainda não foi instaurado pela Comissão Permanente de Sindicância e Inquérito Administrativo (Copsia). 

Ontem, o coordenador da Copsia, professor João Helvio Righi de Oliveira, disse que já recebeu a determinação do reitor e mais uma documentação encaminhada pelo Ministério Público Federal, mas que a sindicância não foi aberta porque  a comissão tinha outros processos para serem concluídos.

— Não é que a gente não tenha dado importância a esse fato (caso Dario). Pelo contrário —  afirmou.

O professor acrescentou que a Copsia tem apenas oito integrantes para realizar todas as sindicâncias envolvendo a UFSM, o que gera uma certa demora nas investigações, principalmente, nos casos que têm de ouvir várias testemunhas. Segundo Oliveira, na próxima semana deverá ser definido os três integrantes da  sindicância que irá apurar o caso Dario. Ao ser informado pelo Diário sobre o fato da sindicância não ter sido aberta, Lima ficou surpreso e disse iria procurar os motivos de a investigação não ter andado.

 
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