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 | 25/06/2007 13h45min

Deputado diz que crise aérea se deve a problemas administrativos

Parlamentar diz que sistema é seguro e um dos melhores do mundo

A crise no setor aéreo brasileiro está mais relacionada a problemas de gestão na Aeronáutica e ao clima de tensão entre os controladores de vôo do que a falhas em equipamentos de controle de tráfego, avaliou hoje o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito do Apagão Aéreo da Câmara, deputado federal Marcelo Castro (PMDB-PI). Segundo ele, o sistema de controle de tráfego aéreo brasileiro é seguro e é um dos melhores do mundo.

– O que está causando o transtorno é um problema de gestão e um problema psicológico, essa que é a verdade. É a tensão, o desentendimento, o conflito que existe hoje entre os controladores e os comandantes da Aeronáutica que está trazendo todo esse transtorno – afirmou.

Segundo o parlamentar, os problemas começaram após o acidente entre um jato Legacy e um Boeing da Gol, em setembro do ano passado, que deixou 154 mortos.

– Até o acidente, tudo parecia que estava funcionando bem. Aconteceu o acidente, com isso vieram os inquéritos da Polícia Federal, veio a CPI, as manifestações públicas e, de certa forma, os controladores foram responsabilizados em parte pelo acidente. Então, criou-se um clima muito ruim, um clima muito tenso no meio dos controladores – disse Castro em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional AM.

Conflito

O deputado afirmou que na semana passada, durante visita de integrantes da CPI ao Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo (Cindacta) 1 em Brasília, teve a oportunidade de constatar a situação de conflito.

– Conversamos com os técnicos que dão manutenção nos equipamentos, com os controladores e as autoridades aeronáuticas, então vimos flagrantemente uma conflito que nos trouxe uma grande apreensão.

Segundo Marcelo Castro, a ida ao Cindacta levou a CPI a pedir uma reunião com o ministro da Defesa, Waldir Pires, que ocorreu na última quinta-feira (22). Na ocasião, Castro pediu que o ministro interviesse na situação e buscasse “uma maneira de resolver esse conflito, por que a gente via que estava se acentuando cada vez mais”.

De acordo com presidente, o relatório da CPI deverá trazer um diagnóstico dos problemas no setor aéreo, assim como apontar soluções para melhorar os atendimento aos passageiros, inclusive com eventuais propostas de mudanças legislativas que os integrantes da comissão julgarem necessárias. A previsão, segundo Castro, é que os trabalhos da CPI, instalada no início de maio, terminem no final de setembro.

– No que nós estudamos até agora, já estamos com uma visão bastante abrangente, mas evidentemente que nós ainda não chegamos a uma conclusão final porque ainda faltam dois meses e pouco para o final da CPI agora seria precipitado dizer definitivamente qualquer solução.

Desmilitarização

Na entrevista, Castro também falou sobre a proposta de desmilitarização do controle do tráfego aéreo. Segundo o parlamentar, não há consenso entre os integrantes da CPI sobre a proposta. Castro disse que pessoalmente é contra a desmilitarização.

– A questão do militarismo eu vejo mais como uma questão salarial do que uma questão de hierarquia ou disciplina militar, que, no meu entender, não são incompatíveis com nenhuma profissão na face da terra, muito menos de controlador – disse.

Na avaliação do deputado, uma saída para melhorar os salários dos controladores no sistema atual seria permitir que eles fizessem concurso na Aeronáutica, para progredir na carreira.

– Hoje, a pessoa que é controlador, é sargento, a perspectiva dele é ficar de sargento até sub-oficial – afirmou.

AGÊNCIA BRASIL
 
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