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Via Campesina irá reivindicar assentamento de 85 mil famílias

Assentar cerca de 85 mil famílias que se encontram atualmente acampadas será um dos desafios no campo que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfrentará no seu primeiro ano de governo. No dia 26 de novembro, uma reunião entre as organizações que compõem a Via Campesina – organização internacional de agricultores à qual pertence o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – definirá a pauta de reivindicações do setor. O assentamento das famílias acampadas é considerado um dos itens básicos das solicitações.

– Essa pauta comum será mínima para esse período inicial de governo, que tem uma série de limitações, como o orçamento – adianta Gilmar Mauro, um dos líderes nacionais do movimento.

Apesar de acreditar que o diálogo entre o novo presidente e o movimento deve sofrer um avanço, Gilmar faz questão de enfatizar a autonomia do MST:

– Uma coisa é o PT, outra é o MST e outra, bem diferente, é o governo Lula. Nós queremos manter nossa autonomia. Se o Lula tomar iniciativas no sentido de avançar, contará com o nosso apoio. Se mantiver a situação do jeito que está, terá os nossos protestos.

Mas a expectativa do movimento é positiva em relação à reforma agrária a partir do ano que vem. Gilmar acredita que o governo Lula – apesar de não atender ao grande sonho dos sem-terra de eliminar toda a estrutura fundiária brasileira – trará progressos em relação às desapropriações, aos assentamentos das famílias, fazendo também uma política agrícola que dê atenção à pequena agricultura.

– Se o Lula for ele mesmo, será um grande governante. Ele conhece o Brasil e já sofreu com seus problemas sociais, além de ser uma pessoa honesta e sensata. Uma vez que as famílias acampadas forem assentadas, os conflitos serão evitados e as negociações vão avançar – elogia Gilmar.

Isso não significa que as ocupações serão extintas. Segundo o MST, existe uma quantidade de pessoas sem perspectivas, que não tem o que comer, sequer onde morar e que poderá ocupar terras.

– Essa realidade independe da nossa vontade. Seria uma loucura dizer que as ocupações acabaram porque o Lula venceu – admite Gilmar.

Em relação ao Rio Grande do Sul, Gilmar também se mostra otimista, mesmo que o governador eleito, Germano Rigotto (PMDB), não seja o da preferência do MST:

– A sociedade quer mudança, e é difícil retroceder nos projetos que foram iniciados. Espero que os avanços obtidos no governo Olívio sejam sustentados no próximo.

DECA SOARES

 
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