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 | 31/03/2007 17h48min

Para ex-ministro greve de controladores foi ataque à democracia

Brigadeiro Mauro Granda elogiou colega ao ordenar prisão de amotinados

Rodrigo Lopes  |  rodrigo.lopes@zerohora.com.br

Um ataque à democracia. Assim o brigadeiro Mauro Gandra, ex-ministro da Aeronáutica, classificou o motim dos sargentos que controlam o tráfego aéreo brasileiro. Em entrevista a Zero Hora, na noite de sexta-feira, quando a greve dos militares paralisava o céu do país, ele elogiou a atitude do colega de farda Juniti Saito, que ordenou a prisão dos amotinados:

– Isso é crime militar. É muito grave.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

ZH – O que o senhor teria feito se fosse ministro na sexta-feira, durante o motim?

Brigadeiro Mauro Gandra – Eu faria exatamente o que Saito (brigadeiro Juniti Saito, comandante da Aeronáutica) fez: chamaria os sargentos e diria: "Vocês estão amotinados. Quero saber quem vai continuar com essa brincadeira". O Saito mandou prender os 18. Para os outros, teríamos de perguntar: "Vocês não têm vergonha de fazer uma greve por razões de salário em um país com 8 milhões de pessoas recebendo Bolsa-Família?"

ZH – O que deve ser feito?

Gandra – Houve crime militar, enquadrado no Código Penal Militar. É muito grave. Insubordinação é quando uma pessoa não cumpre ordem. Quando mais de três dizem que não vão cumprir ordem, há um motim.

ZH – O que o senhor acha que vai acontecer daqui para a frente?

Gandra – Os próprios sargentos vão começar a pensar. Essa categoria está sob ameaça de ser estigmatizada. Quando se ouvir falar de controlador de vôo, vai se lembrar disso. É gravíssimo. Uma covardia. Ainda mais aproveitando a ausência do presidente da República, o que dá uma repercussão maior. Os jornais The Washington Post e The New York Times vão escrever tudo o que tiverem direito.

ZH – Internacionalmente, pode passar a imagem de que houve uma tentativa de golpe?

Gandra – Não. Mas o que ocorreu é muito grave para a democracia. A democracia tem contrapartidas muito fortes: o respeito à disciplina, à hierarquia e à lei. E o regulamento militar é muito rígido. Não só no Brasil, mas no mundo.

ZH – É possível comparar com a revolta dos sargentos de 1963?

Gandra – Não, porque hoje você tem um presidente da República - e isso me irrita nesses controladores - eleito com 60 milhões de votos. Há uma economia que está nos melhores momentos. Em 1963, tomaram alguns ministérios, prenderam ministros, houve troca de tiros. Será que um salário um pouco mais baixo é tão importante que leve uma categoria a desgraçar o tráfego aéreo?

ZH – O que está na gênese desse apagão aéreo?

Gandra – Considero o ministro da Defesa um dos responsáveis. Se você retroceder oito anos, o problema macro é o fatiamento do modal aéreo. Quebrou-se a organização de um sistema que funcionava, que podia ter seus defeitos, mas era articulado.

 
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