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 | 27/09/2002 07h38min

EUA acusam Iraque de dar refúgio à Al-Qaeda

Em uma das mais contundentes acusações até agora ao governo iraquiano, o presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou nessa quinta, dia 26, que seguidores da rede terrorista Al-Qaeda, de Osama bin Laden, encontraram refúgio em Bagdá e estão desenvolvendo armamento químico com a ajuda de Saddam Hussein.

– A Al-Qaeda e o Iraque têm uma relação tão estreita que incomoda – afirmou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer.

As declarações de Bush reforçam as palavras da assessora de Segurança Nacional, Condoleezza Rice, que na quarta-feira voltou a acusar o Iraque de manter vínculos com a organização de Bin Laden. As acusações do governo americano fazem parte da tentativa de Bush de convencer os líderes mundiais da necessidade de uma ação militar para derrubar Saddam.

Segundo Condoleezza, grande parte das informações procede dos membros da Al-Qaeda capturados depois dos atentados de 11 de setembro. No Pentágono, o secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, disse que os EUA têm “sólidas provas da presença no Iraque de membros da Al-Qaeda”. O governo americano voltou a atacar verbalmente Saddam um dia depois de o líder da maioria no Senado, o democrata Tom Daschle, afirmar da tribuna que o presidente está transformando a crise em um jogo político, ao afirmar que os democratas não estavam interessados na segurança americana.

Depois de ser criticado por Daschle, Bush adotou um tom conciliatório e afirmou ontem que os parlamentares americanos estão perto de chegar a um acordo sobre uma resolução em relação ao Iraque. Para Bush, o debate a respeito do assunto será “muito civilizado”.

– Temos avançado, estamos perto de um acordo, e em breve falaremos com uma só voz – disse Bush, depois de se reunir na Casa Branca com representantes democratas e republicanos.

A segurança do país, afirmou o presidente, “é o compromisso de ambos os partidos e a responsabilidade de políticos eleitos dos dois lados”.

– Estamos discutindo, na direção de uma decisão forte – disse Bush.

Alguns democratas afirmaram que o presidente ainda não tinha mostrado por que o Iraque seria uma ameaça grande a ponto de justificar um ataque preventivo. Eles também lembraram que a pressão pela ação militar deixou de lado os problemas econômicos do país, enquanto as eleições legislativas se aproximam.

Nos bastidores da diplomacia, os Estados Unidos e alguns países árabes teriam iniciado uma campanha secreta para convencer o presidente iraquiano a abandonar “voluntariamente” o cargo e partir para o exílio, informou ontem o jornal americano USA Today. Segundo o diário, em uma recente conversa com Saddam, em Bagdá, o ministro das Relações Exteriores do Catar, Hamad al-Thani, levantou cuidadosamente a possibilidade de que o ditador se refugiasse em um país vizinho, como forma de evitar um ataque.

No Iraque, autoridades denunciaram ontem que aviões de guerra americanos e britânicos atacaram o aeroporto civil na cidade de Basra, danificando o sistema de radares e o prédio principal. Não há informações sobre mortos. Aviões britânicos e americanos patrulham duas zonas de exclusão aérea estabelecidas nas regiões sul e norte do Iraque depois da Guerra do Golfo, em 1991.


 
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