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 | 28/06/2002 09h45min

Dólar abre em queda nesta sexta, cotado a R$ 2,821 para venda

O dólar comercial abriu em queda de 1,19% na manhã desta sexta-feira, cotado a R$ 2,811 na compra e R$ 2,821 na venda, segundo a Globo News. Ontem, a moeda norte-americana fechou a R$ 2,855 na venda.

O afrouxamento da meta inflacionária para 2003 influenciou positivamente o mercado nesta quinta, depois de uma quarta turbulenta em decorrência do escândalo da operadora norte-americana de telefonia WorldCom. Em vez de 3,25%, o alvo passou a ser de 4%, com margem de erro de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Antes, era de dois pontos percentuais. Com isso, o teto para a inflação do ano que vem subiu de 5,25% para 6,5%. Para 2004, a meta foi fixada em 3,75%. Analistas acreditam que a nova resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) dará espaço para a queda de juros e a retomada de crescimento econômico. Ontem, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou as operações em alta de 3,01%.

Apesar do aparente quadro positivo, há analistas que não apostam no recuo da cotação do dólar. A disparada da divisa norte-americna já fez a dívida pública atingir em maio o maior nível desde 1991, quando as estatísticas passaram a seguir a atual metodologia. O endividamento do governo chegou a R$ 708,4 bilhões, o equivalente a 56% do Produto Interno Bruto (PIB). É a segunda vez neste ano que a dívida bate o recorde histórico. A primeira foi em janeiro, quando chegou a representar 55,2%. A terceira deve ocorrer neste mês. Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central (BC), Altamir Lopes, a premanência do dólar na casa dos R$ 2,80 deve elevar a relação dívida/PIB para 58%.

O aumento do endividamento do setor público é uma das razões do nervosismo do mercado. Quanto maior a dívida, maiores as dúvidas em relação à capacidade do governo de pagá-la em dia. A principal conseqüência é a alta do dólar, que por sua vez provoca aumento da dívida, o que realimenta a desconfiança dos investidores. Cerca de 40% da dívida líquida do setor público (União, Estados, municípios e estatais) é corrigida pelo câmbio. Entre abril e maio, o dólar subiu 6,75%. No período, a dívida passou de R$ 684,6 bilhões para R$ 708,4 bilhões – só o dólar foi responsável por R$ 20,6 bilhões dessa alta.

Quando o presidente Fernando Henrique Cardoso assumiu seu primeiro mandato, em janeiro de 1995, a dívida líquida do setor público era de R$ 153,2 bilhões – 30,4% do PIB. Desde então, cresceu R$ 555,3 bilhões, graças às elevadas taxas de juros, ao dólar e ao reconhecimento de dívidas antigas – os “esqueletos”.

Ontem, FH chamou de “insensatos” e “ignorantes” os “setores que defendem o retorno da inflação e da correção monetária”. Ele disse que a “sociedade brasileira rejeitará qualquer proposta que venha a significar a volta da inflação”. O presidente acentuou que a turbulência “não atrapalha o país”.

 
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