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 | 15/03/2006 14h45min

Via Campesina mantém ocupação de fazenda da Syngenta no Paraná

Plantação de soja transgênica fica próxima a parque de preservação

Centenas de manifestantes do movimento Via Campesina mantêm a acupação pacífica das instalações da trasnacional agrícola Syngenta Seeds no Paraná, em protesta contra a plantação de soja transgênica perto de um parque nacional.

A Via Campesina já havia feito algo parecido na semana passada, quando destruiu instalações de experimentos transgênicos da Aracruz Celulose no Rio Grande do Sul. Os cultivos experimentais de soja da Syngenta ficam em Santa Tereza do Oeste, cerca de 530 quilômetros de Curitiba, e tinham sido embargados na semana passada pelo Ibama, "por ser uma plantação de transgênicos em uma área proibida pela lei", segundo a Via Campesina. O Ibama confirmou a fiscalização e o embargo.

Os diretores da Syngenta alegaram que têm autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), mas até terça-feira não tinham apresentado documentos confirmando esse dado, de acordo com o Ibama.

Duas leis de 2003 e de 2005 proíbem no Brasil a plantação de grãos modificados geneticamente em terras indígenas, unidades de preservação e áreas adjacentes em um raio de dez quilômetros.

– A seis quilômetros de distância do Parque Nacional do Iguaçu, a fazenda Syngenta não poderia fazer a plantação de soja transgênica – disse o gerente do Ibama no Paraná, Marino Gonçalves.

O Ibama deu à empresa um prazo que termina nesta semana para que apresente as licenças das plantações. Caso contrário, a Syngenta corre o risco de um embargo total de suas atividades no Brasil, além do pagamento de uma multa de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão por crimes contra a biossegurança.

O coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Roberto Baggio, que também participa da mobilização, disse que por enquanto não sairão da área ocupada. Os manifestantes, cerca de mil, segundo o MST, só sairão da fazenda depois que o governo federal definir sua posição no caso, segundo os organizadores.

Segundo a Polícia Militar, cerca de 300 pessoas entraram na propriedade após quebrar o portão principal. A Syngenta Seeds, que emprega 1,2 mil pessoas no Brasil, confirmou o embargo feito na semana passada pelo Ibama em uma área de testes de soja resistente a agrotóxicos, e afirmou que o experimento cumpre todas as exigências legais.

O governador do Paraná, Roberto Requião, disse que esta entidade cumprirá o mandato judicial de reintegração da propriedade embargada e objeto da invasão, caso os tribunais determinem.

Requião pediu que os manifestantes da Via Campesina e do MST não queimem os cultivos, e afirmou que, caso haja uma decisão dos tribunais e do governo federal, essa tarefa será da polícia do Paraná.

AGÊNCIA EFE

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