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 | 20/02/2006 12h36min

Implante de chips em funcionários gera polêmica nos EUA

Empresa calcula que cerca de 200 pessoas utilizem nova tecnologia

O crescente uso de microchips de identificação implantados no corpo humano, que servem tanto para o controle de funcionários como para ter acesso ao histórico médico de seus portadores, tem gerado polêmica nos Estados Unidos. Várias associações de direitos civis protestaram contra o que consideram um passo adiante na invasão de privacidade dos trabalhadores, enquanto seus fabricantes insistem tratar-se de uma tecnologia avançada e de usos múltiplos.

A empresa de vídeo-vigilância Citywatcher.com, de Cincinnati, nos EUA, é a primeira a utilizar os chips para controlar o acesso de seus empregados às áreas de segurança restritas da companhia. Seu presidente, Sean Darks, disse como ele mesmo e dois de seus funcionários, que se apresentaram como voluntários, receberam um chip de silicone que tem o tamanho de um grão de arroz, é inserido dentro da pele e funciona como um cartão de acesso às áreas protegidas.

– A implantação dos chips foi e continuará sendo completamente voluntária, portanto não danifica em absoluto o aspecto privado de nossa vida. Para nós, é uma medida de segurança muito eficaz – defendeu Darks.

Os microchips foram criados pela empresa VeriChip, filial da Applied Digital Solutions, de Palm Beach (Flórida), que em outubro de 2004 recebeu o consentimento da Administração de Drogas e Alimentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) para comercializar o produto. John Procter, porta-voz da VeriChip, explicou que a companhia trabalha fundamentalmente com duas aplicações desta tecnologia: a identificação, como no caso da Citywatcher.com, e a utilização em hospitais.

– É um aparelho muito útil em pacientes com dificuldades para se comunicar, como no caso de doentes de Alzheimer. Através de um scanner, é possível ter acesso a seu histórico médico – disse Procter.

A cápsula, que se insere sob a pele do braço ou sobre a mão através de uma seringa, contém um número de 16 dígitos que permite o acesso ao histórico médico do portador. Este chip, segundo seus defensores, permitirá a hospitais, médicos e pacientes evitar erros ao fornecer informação precisa sobre cada paciente e sua condição de saúde. Além dessas aplicações, Procter lembrou que a Secretaria de Justiça mexicana já utiliza esse tipo de tecnologia para identificar seus funcionários.

O chip também possui outros fins. Uma discoteca de Barcelona, por exemplo, utiliza esses chips em seus clientes VIP. Os dispositivos servem como identificação na entrada e para que possam pagar suas contas através de uma conta especial.

A empresa calcula que aproximadamente 200 pessoas no mundo todo já têm esses chips implantados em seu corpo.

Entretanto, essa tecnologia futurista, mais parecida com a literatura do escritor George Orwell, também provocou forte oposição. Entre os que protestam, está o grupo Profissionais da Tecnologia pela Responsabilidade Social, uma ONG situada em Palo Alto, Califórnia, que ataca o que considera uma "péssima iniciativa".

Lisa Smith, integrante da ONG, disse que "só a idéia de ter algo implantado no corpo, que não se pode retirar, é uma invasão total de privacidade".

AGÊNCIA EFE

 
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