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 | 06/01/2006 10h30min

Imprensa árabe se divide sobre o Oriente Médio pós-Sharon

Jornais governistas não fizeram críticas tão duras às trajetória do premiê

A imprensa árabe mistura hoje impressões divergentes sobre o delicado estado de saúde do primeiro-ministro israelense, Ariel Sharon, que se debate entre a vida e a morte desde quarta, quando sofreu um derrame cerebral. Enquanto a imprensa governista ressalta a incerteza e o temor que sua doença projeta sobre o futuro da região, os jornais de oposição destacam que seu desaparecimento político não será sentido.

– Não haverá luto para Sharon no mundo árabe, porque sua imagem é a de um militar, um homem de guerra que permitiu massacres como o dos palestinos em Sabra e Chatila –  afirma o jornal jordaniano de oposição Al-Ghad.

Dezenas de palestinos morreram em 1982 massacrados nos referidos bairros de Beirute por milícias cristãs libanesas que colaboraram com a invasão israelense do Líbano, dirigida e arquitetada por Ariel Sharon. Uma comissão independente israelense vinculou em 1985 Sharon, então ministro da Defesa de Israel, ao massacre, que podia haver evitado.

– A imagem de Sharon também é a do demolidor que ordenou derrubar casas e ergueu com seus escombros um muro que segrega e encerra os horizontes do Estado palestino – acrescenta o diário jordaniano.

O jornal jordaniano Al-Dustur, por sua vez, afirma em seu editorial de hoje que "Sharon nunca foi um homem de paz, já que sua carreira está marcada por inúmeros atos de sangue e ele é responsável pela morte de centenas de pessoas, incluindo cidadãos de seu país".

A imprensa governista e os grandes diários árabes internacionais optaram por uma atitude mais contida e coincidiram em assinalar que a situação política na região sofrerá uma enorme mudança. O diário egípcio Al-Akhbar, supervisionado pelo governo, adverte com temor que o possível desaparecimento de Sharon abre o caminho para o retorno de Benjamin Netanyahu se o novo partido do primeiro-ministro cair por terra.

– É quase certo que Netanyahu poderá conquistar o poder em março, e já se conhece o grau de extremismo que representa – afirma.

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AGÊNCIA EFE
 
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