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Pesquisa de Tarso acirra guerra no PT

O comitê de apoio à candidatura do prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, ao governo do Estado pelo PT entrega nesta terça-feira, dia 12, oficialmente ao presidente estadual do partido, David Stival, uma pesquisa encomendada ao Labors, instituto da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O levantamento, que mostra Tarso em melhor posição do que o governador Olívio Dutra na disputa pelo Palácio Piratini em outubro, teve o efeito de uma bomba no interior da sigla e deve dominar os debates internos a cinco dias da prévia que escolherá o candidato do PT.

Na pesquisa, foram ouvidas 1.270 pessoas entre os dias 6 e 8 de março. Além da eleição para governador, o levantamento mede a intenção de voto para presidente da República. Mais do que a decisão de realizar a pesquisa, o que mais incomodou o setor de Olívio foi a inclusão de perguntas sobre o significado da candidatura do prefeito e de uma eventual vitória na prévia. O levantamento mostra questões como “Qual dos candidatos do PT está mais preparado para ser governador?”, “Se Tarso Genro vencer Olívio Dutra, isso mostra que: 1) O PT tem vários líderes; 2) O PT não aprova o atual governo de Olívio Dutra; 3) O PT quer promover avanços e melhorias no próximo governo” e “Qual dos candidatos do PT está mais preparado para ser governador?”.

A informação de que o comitê de Tarso encomendaria ao Labors uma pesquisa sobre intenção de voto já circulava há pelo menos uma semana no interior do PT. Menos conhecida era a intenção dos simpatizantes do prefeito de registrar o levantamento junto à Justiça Eleitoral. Como a legislação eleitoral proíbe a divulgação de pesquisas sem registro, os apoiadores de Olívio viram nesse procedimento um sinal de que o grupo de Tarso pretendia divulgar os números e usá-los como arma na disputa. A ala pró-prefeito, porém, nega essa intenção.

– Nosso principal objetivo era dimensionar o impacto da saída de Tarso da prefeitura e o fato de uma possível vitória do prefeito na prévia ter um impacto negativo para o governo – afirma o vice-presidente estadual do PT, Paulo Ferreira, do PT Amplo, pró-Tarso.

– Fazer uma pesquisa às portas de uma prévia sem discuti-la com o partido revela claras e evidentes segundas intenções. Pode constituir inclusive abuso de poder econômico – ataca o deputado estadual Ronaldo Zülke, integrante da Democracia Socialista (DS), que apóia Olívio. Oficialmente, o comitê de Tarso não pretende divulgar os números.

A Democracia Socialista, porém, considera que os dados já são públicos e deve contra-atacar com a proposta de que o partido divulgue uma pesquisa do Ibope, encomendada pelo diretório estadual, que favoreceria Olívio. Os números do Ibope não haviam sido registrados na Justiça Eleitoral. A Ação Democrática (AD), do deputado estadual Ivar Pavan e do secretário estadual de Administração, Marco Maia, também protestou contra a iniciativa. A polêmica deve esquentar na reunião da executiva estadual, que se realiza a partir das 9h de hoje, na sede estadual do partido.

Ontem, dia 11, ainda que não tenha ocorrido encontro formal dos organismos do PT, já era possível detectar o acirramento de ânimos.

– A pesquisa alterou o clima da disputa, e a temperatura tende a subir – prevê Ferreira.

A polêmica teve um efeito explosivo na prévia. Nos encontros promovidos com os candidatos em Porto Alegre e Caxias do Sul, as diferenças políticas vinham cedendo lugar à troca de declarações diplomáticas entre Olívio e Tarso.

LUIZ ANTÔNIO ARAUJO

 
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