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 | 15/12/2005 21h49min

Cardozo aponta suspeitas de pagamento de propina nos Correios

CPI acredita que Beta e Skymaster pagaram para manter contratos com estatal

O sub-relator da CPI dos Correios, deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), afirmou hoje que existem "fortes suspeitas" de que as empresas de transporte de carga aérea Beta e Skymaster pagavam propina a funcionários dos Correios e da Varig Log para manterem os contratos do Correio Postal Noturno. Cardozo apresentou uma planilha de abril de 2002, referente a um acerto de contas da Beta e da Skymaster.

Nessa planilha, existe um item que trata de um "acerto" com a ECT e com a Varig. No caso dos Correios, está registrado o pagamento de R$ 123.047,02, ou seja, 2,5% do faturamento líquido do contrato com a empresa. Para a Varig, a planilha registra um "acerto" de R$ 7.794,90 e, ao lado, está escrito "comissão de 1,5%".

O dono da empresa Beta, Ioanis Amerssonis, foi inquirido hoje pela CPI sobre esses pagamentos. Ele negou que a empresa tenha se utilizado de propina para garantir os contratos com os Correios.

– A Beta não precisava pagar propina para ninguém. Quem precisava da Beta era os Correios. A Beta é a única empresa que presta esse tipo de serviço. Se nós parássemos, as correspondências teriam que ser transportadas por rodovia – afirmou Amerssonis.

Durante o depoimento, foi exibida a gravação em vídeo de uma conversa ocorrida em 2002, da qual participavam Ioanis Amerssonis e o ex-presidente da Beta Antônio Augusto Conceição Morato Leite Filho, além de um diretor da empresa. A conversa, segundo José Eduardo Cardozo, era sobre uma planilha de custos da Beta. Indagado pelo sub-relator sobre o conteúdo da gravação, que foi analisada pelo perito Ricardo Molina de Figueiredo, o dono da Beta disse que estava na reunião "como ouvinte" e que caberia ao ex-presidente da Beta esclarecer os fatos ali narrados.

Em nota à imprensa, Antônio Augusto comentou o conteúdo do vídeo apresentado na CPI. Segundo ele, "ao contrário do que quis fazer crer a CPI, o diálogo não traduz irregularidade alguma (sic). A conversa parece apontar - já que apenas pequeno trecho foi apresentado - para fechamento de contas envolvendo empresas que transportam grande quantidade de cargas nos mesmos trechos, em especial a rota Manaus-São Paulo".

Como toda a gravação ainda não foi periciada por Ricardo Molina, o sub-relator de Contratos não encerrou o depoimento de Ionais Armessonis. Ele foi apenas suspenso e será retomado na próxima terça, às 15h.

AGÊNCIA BRASIL
 
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