clicRBS
Nova busca - outros

Notícias

 | 25/07/2005 03h57min

Revolta e protesto entre os compatriotas

Jean atendeu o telefone sem saber o que realmente estava ocorrendo. Era tarde de sábado em Londres. Do outro lado da linha, sua mãe, desesperada, suplicava a informação de que ele estava bem. Enquanto tentava acalmá-la, Jean Rodrigues tomou conhecimento de que o jovem morto pela polícia com cinco tiros, em uma estação de metrô no sul de Londres, era brasileiro e, assim como ele, se chamava Jean.

- Quando atendi o telefone, minha mãe estava chorando muito, mal conseguia falar - contou ele.

Sentindo-se solidário com a revolta da família e dos amigos de Jean Charles de Menezes, ele e sua, namorada, Dominique Smithom, se juntaram ontem ao protesto de brasileiros em frente ao parlamento britânico. Aproximadamente 50 pessoas carregavam bandeiras do Brasil e cartazes pedindo um esclarecimento do governo sobre o caso. Todos estavam perplexos com as circunstâncias da morte do brasileiro.

Sérgio Chagas, pizzaiolo, morando há quatro anos em Londres, disse que as novas tentativas de atentado, seguidas da morte de Jean, impuseram de vez o clima de medo e insegurança na cidade.

- Todos nós andamos de mochila no metrô. Às vezes corremos para pegar o trem, porque estamos atrasados. Agora estamos com medo de levar um tiro por causa disso - declarou Sérgio.

Jornais destacaram erro na capa

A revolta na frente do parlamento era contra os métodos da polícia, de atirar em qualquer suspeito na cabeça. Ontem, o chefe da Scotland Yard, Ian Brown, justificou a ação policial dizendo que não faria sentido atirar em outro lugar do corpo, dando a chance de o suspeito detonar uma bomba. Brown disse, inclusive, depois de lamentar o incidente, que %26quot;mais pessoas poderão ser mortas%26quot; enquanto a procura por terroristas continua. O resultado dessa política apareceu, ontem, estampado na capa de todos os jornais de Londres: %26quot;Suspeito morto na estação era inocente%26quot;.

Para a comunidade brasileira em Londres, a atitude da polícia representa um recado: agora, além do medo de um ataque terrorista, há o temor de uma investida policial. Segundo Marco Oliveira, um dos que ajudaram a organizar o protesto de ontem, a morte de um brasileiro significa que qualquer um pode ser considerado suspeito, não importando a cor da pele ou os traços da face.

- O Jean era normal, como nós, de onde tiraram que ele era terrorista? - pergunta-se Marco.

Enquanto isso, Londres retoma a vida com desconfiança. Os avisos constantes nas estações de metrô, os policiais e suas sirenes continuam lembrando que a cidade entrou em uma espécie de guerra sem data para terminar.

LUÍS BULCÃO  -  Especial/Londres
 
SHOPPING
  • Sem registros
Compare ofertas de produtos na Internet

Grupo RBS  Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.