A mulher do candidato democrata John Kerry se transformou num pára-raios da campanha presidencial. As pesquisas de opinião mostram que a despachada milionária perde em popularidade para a discreta primeira-dama Laura Bush. Uma sondagem mostrou que 73% dos entrevistados tinham uma opinião favorável sobre Laura Bush, enquanto apenas 38% achavam o mesmo de Teresa Kerry. Em outra pesquisa, para cada mulher casada que não gostava de Laura Bush havia sete que desgostavam de Teresa Heinz Kerry.

– Se é uma disputa apertada para presidente, não é para primeira-dama – disse Robert Watson, professor de ciência política na Florida Atlantic University.

– Infelizmente, o país ainda não está disposto a aceitar uma mulher forte – declarou.

O gosto de Teresa Kerry por lenços Hermès e sapatos Jimmy Choo caríssimos afasta muitos eleitores. E, para dar mais munição a seus críticos, Teresa Kerry cometeu uma gafe recente ao dizer que Laura Bush nunca teve um "emprego de verdade''. A primeira-dama já foi professora e bibliotecária, mas parou de trabalhar quando conheceu e se casou com Bush, em 1977.

Pelo menos Teresa Kerry já progrediu muito desde seus anedóticos discursos em que falava mais do primeiro marido, o senador republicano John Heinz, da Pensilvânia, já morto, do que de Kerry.

Mas ela não é muito boa para animar eleitores. Enquanto partidários entoavam gritos de guerra em apoio a Kerry, em Yardley, ela tomava notas, com um leve sorriso no rosto. Ela já havia ganho as manchetes quando mandou um repórter "engolir'' uma declaração, e costuma usar roupas questionáveis.

Teresa Heinz Kerry herdou a indústria alimentícia quando seu primeiro marido morreu, em 1991, vítima da queda de um avião.

O público pode ficar com o pé atrás com uma mulher de candidato que admite usar botox e assinou um acordo pré-nupcial com o marido, mas isso não deve decidir o voto, disse Myra Gutin, autora do livro The President's Partner: The First Lady in the 20th Century.