A Organização das Nações Unidas (ONU) deve desempenhar um papel central na reconstrução do Iraque, particularmente na ajuda à realização de eleições, disse nesta quarta, dia 24, o presidente do Conselho de Governo do país. Um obstáculo aos planos dos Estados Unidos de devolver a soberania do país aos iraquianos em 1º de julho surgiu nesta semana, quando o gabinete do aiatolá Ali Al Sistani, principal clérigo xiita do Iraque, pediu que a ONU não apoiasse a Constituição interina assinada no começo do mês.

Mas Mohammed Bahr Al Uloum, presidente do Conselho de Governo, órgão cujos 25 membros foram escolhidos pelos norte-americanos, disse na quarta à ministra das Relações Exteriores do Japão, Yoriko Kawaguchi, que o conselho cooperaria com a ONU.

– Podem ficar tranquilos sobre o papel da ONU. O papel que cabe à ONU é extremamente importante. E, a partir de agora, pretendemos consultá-la sempre – disse Bahr Al Uloum, segundo uma autoridade japonesa, sem dar maiores detalhes.

Pouco antes, a autoridade iraquiana disse em uma entrevista coletiva ter esperanças de que a entidade mundial desempenhasse um papel de destaque na organização e condução das eleições gerais, a serem realizadas no final de janeiro de 2005. Em reuniões com Kawaguchi e com o primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, no entanto, Bahr Al Uloum não fez referência a Sistani.

Em uma carta divulgada na última segunda, Sistani afirmou que, se a ONU não rejeitasse a Constituição interina, haveria um boicote à equipe da entidade que visitará o Iraque em breve para aconselhar os iraquianos sobre o processo de formação de um governo interino. O clérigo defendia a realização de eleições nacionais antes da transição de poder. Prevê-se que o pleito favoreceria os xiitas, grupo majoritário no Iraque.

As informações são da agência Reuters.