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Manifestação no FSM marca indignação contra sistema de castas

Os 30 mil dalits inscritos no 4º Fórum Social Mundial lançaram nesta segunda o Fórum Mundial pela Dignidade, um espaço de debates e protestos contra o racismo e a discriminação. Conhecidos também como “intocáveis”, os dalits são considerados pessoas inferiores pelo sistema de castas hindu e sofrem abusos e maus tratos principalmente nas áreas rurais, mais conservadoras.

– Nas grandes cidades a discriminação é mais sutil, mas há casos de homens e mulheres sofrendo ataques na área rural por querem acabar com o sistema de castas –  disse Ramesh Nathan, do grupo Nessa (Nova Entidade para Ação Social e Direitos Humanos para a Libertação dos Dalits).

Desde a independência da Índia do domínio inglês, 50 anos atrás, uma lei constitucional proíbe a discriminação, mas ainda hoje os 150 milhoes de dalits da Índia e outros 100 milhões de intocáveis no Nepal, Sri Lanka e Paquistão são tratados de forma desigual.

Com faixas negras tampando as próprias bocas, os dalits marcharam pelas ruas do centro de exposições Nesco, onde está sendo realizado o Fórum Social Mundial. Nas mãos, faixas e cartazes protestando pelo fato de a discriminação contra eles não ter sido mencionada na solenidade de abertura do evento, na sexta-feira. “A globalização é uma questão. A discriminação contra os dalits é uma interrogação. Por que não houve referência aos dalits na inauguração?”, dizia uma grande faixa negra.

A organização do fórum explicou que os palestrantes convidados – ativistas do Iraque, do Irã, da Palestina e do Vietnã, entre outros países – têm formação marxista e pensam em termos de classe social e não de castas. Mas a resposta não convenceu o grupo, o mais barulhento e visível do fórum, além de um dos mais pobres. No ano passado, uma delegação de 75 dalits foi a Porto Alegre.

Cantando, marchando, protestando e batendo tambores durante todo o fórum social, os dalits – muitos deles maltrapilhos e descalços –, conquistaram a simpatia dos participantes e estão introduzindo com força este ano, uma nova bandeira na agenda dos movimentos sociais: a bandeira da dignidade. O termo, aliás, foi bastante usado pela ativista iranina Shirin Ebadi, prêmio Nobel da Paz de 2003, em seus discursos aqui no fórum, onde é uma das grandes estrelas convidadas.

As questões locais não foram as únicas a causar fortes debates no evento. A indignação contra a política belicista dos Estados Unidos também pautou mais uma vez o encontro.

– Todos os governos do planeta são problemas para nós. Eles todos procuram uma versão própria para políticas neoliberais, promovendo economias de livre mercado  – disse Achin Vanaik, o mais conhecido especialista indiano em armas nucleares e fundador da "Coalisão para o Desarmamento Nuclear e para a Paz".

Nancy Lindisfarne, da "Globalise Resistance", uma organização anticapitalista com base no Reino Unido, fez discurso semelhante:

– A resistência é principalmente contra as classes dirigentes, os governos dos Estados Unidos e do Reino Unido ou contra quaisquer outros países que promovam a guerra. Nem o norte-americano comum, nem o povo britânico apóiam a guerra.

– Mas o inimigo também reside internamente. Nós precisamos colocar um fim na tirania dentro da nossa própria casa e construir movimentos contra o capitalismo e contra a guerra para provocar mudanças nos regimes – disse Vanaik.

Em outras discussões, as críticas sobraram inclusive para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O Prêmio Nobel de Economia de 2001 Joseph Stiglitz declarou que manteve a estabilidade da economia a um custo alto, com reflexos na área social. As declarações foram feitas em uma mesa-redonda sobre o impacto da globalização econômica nos serviços de seguridade social.

As informações são da Agência Brasil.

 
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