| 08/11/2008 22h18min
É feita de quedas e reerguimentos a trajetória de Celso Roth no Grêmio. Em nove meses como técnico da equipe, ele mostrou-se, por vezes, um comandante seguro e, em outros momentos, desastrado. A partir deste domingo, contra o Palmeiras, o caxiense que completa 51 anos no final do mês gasta as últimas chances para firmar seu conceito junto aos torcedores.
Contratado em fevereiro para o lugar de Vagner Mancini, Roth chegou ao Olímpico sob o peso de uma rejeição construída nas passagens anteriores pelo Olímpico. Após uma campanha impecável na primeira etapa do Gauchão, foi vitimado por seus próprios erros de escalação e caiu contra o Juventude, nas quartas-de-final, no início de abril. Três dias depois, o ciclo trágico se completou com a eliminação na Copa do
Brasil.
Roth começou a ressurgir
dia 10 de maio, no Morumbi. Naquele sábado chuvoso, data da estréia do Grêmio no Brasileirão, o técnico tinha consciência de que não resistiria a um mau resultado. Contava com sólidos motivos para pensar dessa forma. O nível de desconfiança da direção quanto a sua capacidade ficara evidenciado na frase pronunciada uma semana antes pelo vice de futebol André Krieger, após o empate sem gols no amistoso contra o Avaí, em Florianópolis.
— Imaginei que, a essa altura, estivéssemos em um nível mais evoluído — dissera o dirigente, criticando o que entendia como pequena evolução em um mês de preparação para o Brasileirão.
O resto da história é bem conhecido. O Grêmio ganhou por 1 a 0 do São Paulo e consolidou-se, rodada a rodada, como uma equipe disciplinada taticamente, ornamentada por alguns talentos individuais, como o goleiro Victor, o zagueiro Réver e o volante Rafael Carioca. Por 17 jogos, manteve-se na ponta da tabela de classificação.
Celso Roth,
cujo nome mal podia ser ouvido nos
alto-falantes do Olímpico após os fracassos do primeiro semestre, passou a merecer aplausos. Foi assim por quatro meses. A nova queda do treinador começou a se desenhar a 13 de setembro, na derrota por 2 a 1 para o Goiás, no Olímpico. Na mesma semana, por coincidência, ele havia sido um dos indiciados pela Polícia Federal na Operação Ouro Verde, que investigava o envio ilegal de dinheiro ao Exterior.
Em efeito cascata, quase tudo passou a dar errado. Desnorteado, Roth abriu mão até mesmo de convicções como o esquema 3-5-2, fiador da campanha que surpreeendera o país.
A última gordura foi queimada em novembro. O Grêmio empatou em casa com o Figueirense, despencou da liderança para a terceira posição e Roth passou a ser visto, novamente, como um técnico que não consegue concluir seus trabalhos. Resta saber se outro ressurgimento se dará a partir deste domingo, no Parque Antárctica.
“Temos que botar o bloco na rua”
Celso Roth concedeu na sexta-feira a mais
animada de suas entrevistas. Fugindo ao seu estilo, sorriu em quase todas as respostas. Provocou gargalhadas ao recordar sua passagem pelo Palmeiras, adversário deste domingo. Foi em 2001.
— Fui o primeiro após a era Parmalat. Só pego esses filés — comentou.
Zero Hora – Não mexe com seus brios a fama de trabalhar bem e não ganhar títulos?
Celso Roth – Não mexe. É uma situação comentada em todo o país porque vem acontecendo mesmo. Até acontecer uma conquista nacional, esse tema será comentado. E eu tenho que conviver com isso. Minha esperança é de que, com o Grêmio, estou chegando mais perto.
ZH – Acredita estar mais próximo do título do que em 1997, pelo Inter, e 1998 e 2000, pelo Grêmio?
Roth – Acho que sim. Não há dúvida de que não estamos jogando bem e passamos por um momento de turbulência. Mas temos condições de melhorar nas próximas cinco partidas. Temos que botar o
bloco na rua e fazer as coisas acontecerem.
ZH – Qual o
diagnóstico para a queda de rendimento?
Roth – A culpa é nossa. Criamos um parâmetro muito alto no primeiro turno. O aproveitamento foi fantástico, superior a 71%, o melhor desde o início dos pontos corridos. A manutenção é difícil. Sempre disse que chegaria o momento em que teríamos um desequilíbrio. Mas não esperávamos uma baixa de rendimento tão grande. Hoje, jogam a vida contra a gente. E vieram as lesões e suspensões. Mas, tudo pode mudar. Futebol é bonito e apaixonante por isso.
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