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 | 29/09/2008 04h44min

D´Alessandro é o nome do Gre-Nal

Argentino fez sua melhor partida desde a chegada à Porto Alegre

Diogo Olivier  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

O ex-presidente Fernando Carvalho não caminhava no intervalo do Gre-Nal, ao descer as escadas das cabines de imprensa em direção ao vestiário. Ele flanava. Mais um pouco e voaria por sobre os degraus até pousar no primeiro pavimento do Beira-Rio, nas proximidades do elevador. O homem que empenhou a palavra ao jurar que o setembro colorado seria diferente tinha o pensamento em Buenos Aires, nas reuniões intermináveis no Hotel Sheraton. Como foi difícil contratar aquele argentino de 27 anos com cara de guri que agora destroçava o líder do campeonato sem piedade em 45 minutos.

– Ele está acabando com o jogo, né? – suspirava Carvalho.

– Tem um gosto especial ver um jogador tão complicado de trazer arrasando em um Gre-Nal?

Segundos de silêncio do ex-presidente, ainda com aquele sorriso de torpor instalado no semblante. Então, como se voltasse à realidade após breve viagem pelo nirvana, Carvalho suspende o sorriso, coloca as mãos no ombro do repórter e diz:

– Desculpa, desculpa, tenho que descer (para o vestiário). Depois, depois, tem 45 minutos pela frente ainda e.... – e se foi o agora assessor da presidência, sem nem completar a frase, falando sozinho.

Fazia sentido o sentimento de Carvalho, ainda que restasse metade do Gre-Nal para ser jogado. A mais ousada contratação feita por um clube brasileiro na temporada — US$ 5,5 milhões (R$ 10,2 milhões) — acabara de começar a se pagar. A atuação de D’Alessandro no Gre-Nal de ontem justificaria até os exageros dos argentinos quando o meia canhoto surgiu no River Plate. Chamavam-no de novo Maradona. Verdade que os argentinos chamam todo camisa 10 de pé esquerdo e habilidoso de sucessor de Maradona, mas a eficiência de D’Alessandro no Gre-Nal vale a lembrança. O argentino participou dos quatro gols na goleada de 4 a 1 (leia quadro abaixo). Todos no primeiro tempo fenomenal que tanto impressionou Carvalho.

– Como é o Gre-Nal? É como Boca e River? – foi a primeira pergunta ao final do jogo.

– Igual, mas a gente daqui... a torcida do Inter.. acho que é mais... tá louco, tá louco! – disse o dono do clássico, o rosto quase escondido atrás dos microfones.

No segundo tempo ele se limitou a fazer o que era preciso para um time que abre vantagem espaçosa no placar. Girou sobre os zagueiros, chamou a falta que pára o jogo, passou o pé sobre a bola, valorizou a troca de passes, cavou laterais e escanteios, fez o adversário correr. Saiu aos 34 minutos do segundo tempo. Foi um presente do técnico Tite. Enquanto caminhava até o encontro de Taison, o substituto que o esperava saltitante à beira do campo, ouviu todo o tipo de reverência da torcida.

A estréia foi no dia 13 de agosto, no primeiro Gre-Nal da Copa Sul-Americana, empate em 1 a 1. Até ontem, nove jogos. D’Alessandro pode até chegar aos 100 jogos, mas será sempre lembrado pelo Gre-Nal no qual regeu o Inter na goleada história de 4 a 1, alijando o maior rival da liderança do Brasileirão, no mês de setembro de 2008.

 
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