Por cerca de uma hora o Inter foi um time sem crise. Com o campo suplementar encharcado pela chuva que castigou Porto Alegre, os jogadores treinaram ontem em uma quadra de futebol sete na Avenida Padre Cacique. O grupo se divertiu como uma turma de amigos que disputa uma pelada.

Mais importante do que o resultado das partidas apitadas pelo auxiliar Cléber Xavier, era a corneta nos companheiros. Quando estava de fora, para variar, Edinho era o mais animado. Atiçava qualquer um exigindo pedaladas e jogadas de efeito. Criticado pela pouca técnica em jogos oficiais, o volante demonstrou habilidade na grama artificial. Estava no meio campo quando o atacante Luiz Carlos correu para marcá-lo. Edinho botou o pé em cima da bola, fingiu que a rolaria para frente e a puxou para o lado. Aplicou linda janelinha no centroavante.

– Ah, Pedra (apelido de Luiz Carlos)! Do Edinho! Tu tá (sic) louco! – gritou Daniel Carvalho.

Algumas características mostradas em jogos oficias também apareceram. Guiñazu corria com a mesma entrega. Não abusava dos carrinhos, é verdade. Reforçou o estigma de que fazer gol não é a sua praia. O argentino recebeu um passe livre, de frente para o gol, com o goleiro Muriel já longe do lance. Bastava empurrá-la para as redes. Guiñazu enquadrou o corpo e bateu com a chapa do pé direito. A bola saiu por cima.

– Boa, gringo! Boa Cholo – divertiu-se Magrão.

Entre gracejos, gols e muita brincadeira, os pedestres que circulavam na calçava paravam na grade para acompanhar o descontraído recreativo. Tite, observou todo o trabalho ao lado de uma goleira, com a mão no rosto. Quase não sorriu. Foi assim até pouco depois das 17h, quando os primeiros jogadores deixaram a quadra e caminharam de volta para o vestiário.

Alguns motoristas, ao identificar que eram os jogadores do Inter atravessando a rua, reduziam a velocidade ou até paravam os carros – longe do semáforo.

Ao contrário do ocorrido na quarta, quando a equipe treinou dentro do estádio, com os refletores acesos em plena tarde, os jogadores não tiveram de encarar a água. A exceção foram os goleiros Clemer, Agenor, Ricardo e Lauro, que fizeram exercícios específicos da posição no suplementar sob chuva, e Alex e Nilmar, que ficaram no vestiário. Como teve a semana cheia para treinar a comissão técnica não achou de todo prejudicial do recreativo de ontem. Até porque o preparador físico Fábio Mahseredjian realizou trabalho de resistência e velocidade por cerca de meia hora antes da bola rolar. Os jogadores aprovaram.

– Foi lindo. Dei uma boa suada. Esse tipo de treino ajuda para unir o grupo e descontrair. Ficamos com a cabeça mais relaxada – garantiu Guiñazu.

O craque

Andrezinho foi o destaque do treino recreativo de ontem. Em todas as equipes que atuou, organizou as jogadas como um bom articulador. Também marcou gols. Porém, mesmo depois da descontração, o meia destacou a importância da partida contra o Botafogo, domingo, às 18h10min, no Rio de Janeiro.

– Essa partida definirá o que almejamos para o resto do Brasileirão porque depois jogamos duas rodadas em casa – lembrou.

Dia ruim

O pouco espaço da quadra de futebol sete não favoreceu o centroavante Luiz Carlos. Com o corpanzil de 1m86cm e 83kg, ele não acompanhava muito bem as rápidas jogadas. Ainda levou uma janelinha de Edinho.

– Ele (Edinho) tem muitos recursos – brincou Luiz Carlos ao final.

Vai, D'Ale!

D'Alessandro se reapresenta ao Inter depois de servir a seleção argentina hoje à tarde. Mesmo assim, os jogadores não paravam de gritar durante o recreativo de ontem:

– Vai, D'Ale! Pedala, D'Ale!

A brincadeira era com Taison, o melhor amigo do meia argentino no Beira-Rio.

– Isso é coisa do Ramon. Ele me chama de D'Ale só porque sabe que eu sou amigo dele. Fica dizendo que estou com saudades. E estou mesmo. Mas amanhã ele (D'Alessandro) já está aí – sorriu Taison.