| 27/07/2008 04h27min
Em 107 dias, o caxiense Celso Joarez Roth, 50 anos, transitou do inferno ao paraíso. Entre 9 de abril, data da queda do Grêmio na Copa do Brasil, quando a fúria dos torcedores só permitiu deixar o Olímpico de madrugada, e 24 de julho, dia em que o time assumiu a liderança do Brasileirão, o técnico viveu os extremos da paixão gremista.
Neste domingo, quando seu nome for anunciado pelo alto-falante, antes do jogo contra o Palmeiras, é possível que as habituais vaias sejam trocadas por constrangidos aplausos. Sexta-feira, ao cruzar o portão de desembarque do Salgado Filho, vindo de Florianópolis, o técnico obteve pela primeira vez a certeza de que a rejeição, enfim, começa a diminuir. Foi recebido com cânticos da torcida. Hoje, nem o mais empedernido anti-Roth é capaz de negar que o maior responsável pela campanha é o homem sisudo que fica à beira do gramado.
O mais curioso é que poderia ser outro o técnico do Grêmio agora. Logo após a derrota nos pênaltis para o
Atlético-GO, no já citado 9 de
abril, Roth pensou em sair.
- Poderia ter saído naquele momento. Mas o que vi no vestiário me convenceu de que era possível acreditar no grupo. Os números provam que estava correto. Mesmo que tudo possa mudar na semana que vem - ressalva, sempre prudente.
Na longa espera até o início do Brasileirão, dia 11 de maio, com o inesperado 1 a 0 sobre o São Paulo, no Morumbi, o técnico azeitou o time e deu declarações fortes. Na véspera de jogo-treino contra o amador Ivoti, disse que o confronto fazia parte do processo de "humilhação" ao qual o time era submetido naquele momento. Dias depois, considerou "falta de respeito" chamar sua equipe de inferior aos concorrentes no Brasileirão.
- Sabia que a crise era factual, de momento. Era mesmo falta de respeito desconhecer a força do Grêmio como entidade, grupo de trabalho, sua história e sua camiseta - argumenta.
A partir deste domingo, quando os olhos do país se voltam para o Grêmio, Roth
redobra sua atenção. Desde o histórico 7 a 1
sobre o Figueirense, seus pronunciamentos estão alicerçados na cautela. Segundo o técnico, a missão é encontrar alternativas para enganar adversários cada vez mais atentos à forma de jogar do seu time.
Ao admitir a possibilidade de "curva descendente" no futuro, Roth ressalta que o mérito será minimizá-la o mais cedo possível. Convencido de que Souza e Orteman, e os outros reforços que virão, agregarão muito ao time, o técnico se permite projetar conquistas.
- Desta vez, elas têm tudo para ser diferente - projeta, sonhando, enfim, com o primeiro título nacional.
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