O técnico Giovane Gávio, comandante da equipe joinvilense Tigre/Unisul e medalhista de ouro na Olimpíada de Barcelona, em 1992, e em Atenas, em 2004, conversou com a reportagem do clicRBS e falou sobre suas expectativas com relação à seleção brasileira que busca outro ouro, desta vez em Pequim.

Para Giovane, é uma seleção madura e segura, que desde 2001 é forte o suficiente para não depender de glórias e referências do passado. Por isso, o ex-jogador acredita que a meta de uma final olímpica pode ser alcançada, principalmente pelo fato de o Brasil estar em uma chave difícil, o que proporciona ritmo intenso de jogos desde o início da competição.

Giovane foi além do assunto Pequim 2008. Deixou ao clicRBS sua opinião no que diz respeito ao atual mercado brasileiro, que cada vez mais atrai os jogadores de ponta que estavam na Europa, e não conteve elogios ao seu levantador Marcelinho, atualmente integrando a equipe da Tigre/Unisul, que conquistou a vaga de titular no time de Bernardinho após as desavenças do treinador da seleção com Ricardinho.

Confira abaixo a entrevista ou, se preferir, ouça o bate-papo de Giovane com o clicRBS.

clicRBS: Qual a influência do ouro olímpico de Barcelona na seleção atual?
Giovane: O ouro em Barcelona influenciou este grupo em 2001 (seleção pela qual Giovane conquistou seu segundo de quatro títulos da Liga Mundial), quando eles começaram a vencer. Nesta época, eles tinham esta Olimpíada como exemplo do que pode dar certo e do que pode dar errado. Agora, este grupo já é maduro suficiente e esta geração não precisa buscar mais nada no passado.

clicRBS: O fato de termos apenas três jogadores com menos de 25 anos nesta seleção dificulta o processo de renovação?
Giovane: A renovação vem sendo feita de uma forma natural. Ao final da Olimpíada, alguns vão dizer adeus e outros saberão que chegou sua vez. Faz parte do processo de amadurecimento. Quem está lá aprendendo pode seguir bons exemplos da geração que está se despedindo. Mas eu espero que não seja uma despedida generalizada, pois há muitos jogadores com 30 que poderão jogar nos próximos quatro anos.

clicRBS: Quais as suas expectativas para Pequim, com relação aos adversários que o Brasil terá pela frente? 
Giovane: Eu acho que o Brasil caiu em uma chave difícil, mas isso é bom, pois a seleção vai jogar logo de cara com equipes fortes. Tendo resultados positivos nestes jogos, você conquista o ritmo necessário para uma final olímpica, que é o desejo de todos.

clicRBS: Quais são as suas apostas?
Giovane: Acho que a equipe da Rússia tem muito o que crescer no aspecto psicológico, mas na bola são muito bons. Existe a Bulgária, que joga muito bem contra o Brasil e saca muito forte. E a situação dos americanos, que têm uma equipe madura, com jogadores experientes e farão, na minha opinião, uma Olimpíada muito boa.

clicRBS: O retorno de atletas brasileiros de ponta aos times brasileiros significa que estamos em uma mudança de cenário?
Giovane: É um momento que está acontecendo pelo fato do Brasil estar melhorando, com a nossa moeda, o Real, mais forte, o campeonato brasileiro em um bom período de visibilidade, os patrocinadores podem investir mais. Também tem o fator de ganhar um pouco menos, mas poder jogar em casa.

clicRBS: Como você está vendo a titularidade do Marcelinho com a saída do Ricardinho? Você acha que seu desempenho está sendo bem assimilado pelos jogadores, no que diz respeito ao entrosamento?
Giovane: Ele é um jogador que joga pela equipe. Procura fazer o melhor dele para a equipe. E acima de tudo, ele tem um espírito de vencedor, que é um quesito básico para ser titular da seleção. Ele já demonstrou isso, ganhando títulos dentro e fora do Brasil, e agora esta oportunidade vem coroar uma carreira de sucesso.