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 | 21/07/2008 21h20min

Nadador Deboni se despede do Brasil rumo à China

Atleta apontou seus favoritos às medalhas em entrevista exclusiva ao clicRBS

Michele Cardoso  |  michele.cardoso@rbsonline.com.br

Às vésperas de embarcar para Macau, na China, onde fará aclimatação para a Olimpíada, o nadador Eduardo Deboni bateu seu próprio recorde nos 100m livre. O gaúcho, radicado em Santa Catarina, participou de uma competição estadual em Blumenau (SC) e alcançou a marca de 49seg01, a melhor da carreira (a anterior era de 49seg09). Em Pequim, ele está garantido no revezamento 4x100m, ao lado de César Cielo, Nicolas Oliveira e Rodrigo Castro.

Embalado por bater seu tempo, o nadador, que viaja nesta terça-feira para a China, espera ser ainda mais rápido no revezamento, já que deverá ser o segundo a entrar na água, o que garante um tempo mais baixo do que o normal dos 100m livre. A meta no revezamento era baixar o tempo do Pan — 49seg07. Porém, após a marca deste final de semana, Deboni tem tudo para quebrar mais um recorde seu e chegar à casa dos 48seg.

Medalhista de ouro no revezamento 4x100m livre e de prata no 4x100m medley no Pan-Americano de 2007, disputado no Rio de Janeiro, Deboni conquistou sua vaga olímpica em maio de 2008, apesar de já ter índice garantido desde o ano passado. Para ele, Estados Unidos e França são favoritos, mas o Brasil tem uma equipe muito forte na disputa por medalhas. Segundo o nadador, as chances são maiores nos 400m medley, com Thiago Pereira; 50m livre, com César Cielo; e 200m borboleta, com Caio Márcio; além, é claro, do revezamento do qual participa.

Ex-especialista em nado costas, Deboni, que será blogueiro do clicRBS durante a Olimpíada, contou à reportagem como é viver da natação no Brasil e também sobre suas metas de tempo em Pequim. Além disso, o nadador comentou a importância da geração de Gustavo Borges e Fernando Scherer, o "Xuxa", para a atual equipe da natação brasileira, que desponta como uma das principais seleções na briga pelo pódio olímpico.

Natural de Erechim (RS), Deboni tem 26 anos, 1,90m e pesa 84kg. Radicado em Santa Catarina desde 2003, o atleta integra a equipe da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), em Palhoça. Depois do período de adaptação ao Oriente, a equipe brasileira segue rumo à Vila Olímpica, onde deverá chegar no dia 6 de agosto.

Confira uma parte da entrevista abaixo e não deixe de assistir ao vídeo exclusivo do clicRBS com o bate-papo na íntegra.

clicRBS: Como foi a preparação para a Olimpíada?
Deboni: Minha especialidade era outra: o nado costas. Depois de um estágio na Austrália, virei especialista nos 100m livre. Vim para Santa Catarina para treinar com o Carlos Camargo, que na minha opinião é um dos melhores técnicos de velocistas do Brasil. Desde 2003 estou trabalhando com foco na vaga olímpica. Sabíamos que com a classificação para o Pan, estava praticamente assegurado na Olimpíada. Neste ano, não fui tão bem na seletiva, mas já estava garantido pelo resultado do ano passado, que valeu como índice.

clicRBS: Qual a sua meta em tempo para os Jogos Olímpicos?
Deboni:
Os tempos de treinos e competições são bem diferentes. Temos toda uma preparação para entrar na água e competir, além do psicológico,a raspagem de pêlos, os equipamentos que usamos, etc. Existem referências de treinos e fiz ótimos tiros nesta última semana antes do embarque. Meu tempo no Pan em revezamento foi 49seg07 e eu pretendo baixar isso. Quem tem a melhor saída é que larga no revezamento, eu devo sair em segundo, como foi no Pan, o que resulta em um tempo mais baixo do que o normal dos 100m livre.

clicRBS: Quais as principais expectativas por medalhas?
Deboni: A natação é um esporte muito visado porque rende muitas medalhas. A geração do Gustavo Borges e do Fernando Scherer serviu para termos, hoje, uma seleção com mais atletas, mais forte. Temos três nomes que têm grandes chances de medalha: o Thiago Pereira, nos 400m medley; o Cielo, nos 50m livre, pois é loteria, prova de explosão e se ele entrar na final tem grandes chances; mas acho que o grande nome será o Caio Márcio, nos 200m borboleta, venho acompanhando há bastante tempo o trabalho dele e tenho esta expectativa. Além disso, temos tradição no revezamento, é justamente a nossa última medalha. Estados Unidos e França são duas potências brigando pelo ouro, será difícil para nós, mas faremos de tudo para isso. Tudo pode acontecer em uma final olímpica.

clicRBS: Como é lidar com a ansiedade de sua estréia olímpica?
Deboni: Comecei em 1986, com 5 anos, e estou com 21 anos de batalha e dedicação. Nem sei o que pode acontecer, só quando chegar lá e pisar na Vila é que vai cair a ficha. Mas a gente trabalha muito, sua muito, e nada muito tempo para conseguir isso. É muita felicidade. Venho de uma família de nadadores, estou realizando um sonho de casa. Acho que isso é muito importante. O Pan abriu várias portas para mim e cada vez me sinto mais profissional, já que preciso abdicar de várias coisas para viver a natação e viver da natação.

clicRBS: É possível viver da natação no Brasil?
Deboni:
Todo esporte amador é difícil aqui no Brasil. O futebol tem um incentivo maior, mas isso está mudando. O Pan abriu a cabeça do empresário brasileiro para incentivar os atletas, percebendo que isto é um negócio. Estamos batalhando e temos um caminho difícil para percorrer e conseguir um patrocínio. Hoje em dia posso agradecer patrocinadores que me ajudam desde o ano passado e que, sem eles, não estaria indo para uma Olimpíada.

Diego Redel  / 

Deboni bateu seu próprio recorde nos 100m livre neste final de semana, às vésperas do embarque para a China
Foto:  Diego Redel


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