| 20/06/2008 10h15min
Destaques do time júnior do Grêmio, o meia Douglas Costa e o volante Tiago Dutra não participaram da conquista do Troféu Angelo Dossena sub-20, na Itália. Preocupada com o assédio de empresários, a direção "escondeu" os dois jogadores em Porto Alegre. Nesta quinta, durante homenagem aos garotos campeões, o presidente Paulo Odone admitiu que é um risco expor de forma demasiada atletas menores de idade.
Mesmo que no caso de Douglas e Tiago já tenha ocorrido renovação de contrato por cinco anos, com cláusula de multa penal, o dirigente teme o que chama de pirataria dos grandes clubes europeus. Assim, em decisão conjunta com o diretor-executivo, Rodrigo Caetano, Odone definiu que os dois guris, observados por pelo menos três clubes europeus, ficariam fora da viagem.
– Como a legislação não nos ajuda, é preciso preservar alguns nomes. Basta alguém pagar a multa para levar embora qualquer jogador. Não pretendemos fazer dinheiro agora com Douglas e Tiago. Queremos usufruir do talento deles por uns dois ou três anos, pelo menos – garantiu o presidente.
Além de preservá-los de empresários, a direção estabeleceu uma política de bom relacionamento com seu representante legal, César Bottega.
Este garante ser de seu interesse a permanência dos jogadores no clube. Bottega elogia a iniciativa da direção de submeter Douglas e Tiago, ambos de 17 anos, a um tratamento que lhes dará mais força e resistência. Os jogadores serão observados durante a Copa Federação Gaúcha e deverão passar ao grupo profissional em setembro.
Odone lembrou ontem de dois episódios em que precisou agir com rapidez para não perder futuros craques. O primeiro, em 1987, envolveu Assis, irmão e procurador de Ronaldinho. Informado de que o Torino, da Itália, havia levado o jogador para testes, Odone viu-se forçado a negociar com ele o primeiro contrato profissional. Na época, Assis tinha apenas 17 anos e seu único vínculo com o Grêmio era o contrato de amador.
– Demos a ele uma casa com piscina, igual a de Renato Portaluppi – recordou o dirigente.
Em 2005, temeroso de que o meia Anderson, cujo contrato estava por se encerrar, fosse embora de graça, Odone decidiu convocá-lo para uma reunião. Até hoje, passados três anos, ele diz não esquecer do gesto de maturidade e gratidão do jogador, hoje no Manchester United, da Inglaterra.
– Ele disse: presidente, me venda agora. O Grêmio tem o direito de ganhar dinheiro comigo – contou Odone.
Efetuada em duas etapas, a venda de Anderson ao Porto rendeu ao Grêmio € 8,5 milhões (R$ 21,1 milhões).
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