| 17/03/2008 07h44min
O ex-jogador argentino Diego Armando Maradona qualificou em La Paz como ridícula a decisão da Fifa de vetar os estádios situados em altitude e fez duras críticas ao presidente do organismo, o suíço Joseph Blatter.
As declarações foram realizadas na noite deste domingo em entrevista coletiva no Palácio de Governo, onde foi recebido pelo presidente Evo Morales com quem jogará esta segunda-feira uma partida beneficente para ajudar os desabrigados pelas inundações.
— É ridículo que queiram tirar da Bolívia a possibilidade de jogar em sua terra. Parece-me algo vergonhoso porque não tem bom senso. Aqueles que hoje vetam a (seleção) da Bolívia seguramente nunca correram detrás de uma bola — disse.
Maradona e Morales disputarão uma partida no estádio Hernando Siles, situado a 3.600 metros de altitude, e que é o principal palco boliviano prejudicado pela decisão da Fifa. A Fifa determinou que só serão realizadas partidas internacionais a mais de 2.750
metros de altitude após um período de
aclimatação dos jogadores de uma semana pelo menos e, no caso de uma altitude superior a 3.000 metros, o tempo deve ser de pelo menos duas semanas.
Na entrevista coletiva, Maradona foi muito duro contra Blatter de quem disse "que nunca jogou futebol, que nunca bateu um pênalti" e que está "brincando com a paixão do povo". Disse que não sabia se outros dirigentes do Comitê Executivo da Fifa tinham um interesse em vetar La Paz, mas ressaltou que "a mão negra" é a de Blatter.
— Sempre me pareceu um escândalo que Blatter tenha estado por trás do brasileiro João Havelange (dirigente da Fifa entre 1974 e 1998). Esteve sempre na braguilha dele e hoje é o presidente da Fifa — disse Maradona em entrevista coletiva.
Com ironia, também chamou a atenção sobre o fato de que o dirigente paraguaio Nicolás Leoz, presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), tenha ficado doente, sem poder participar da reunião da Fifa que decidiu o veto aos
estádios de altitude. Acrescentou que, por
outro lado, deve defender seu compatriota, o dirigente Julio Grondona, que também é vice-presidente da Fifa, porque "deu a cara" a favor da posição boliviana.
O presidente Morales agradeceu a ajuda de Maradona, o chamou de "irmão" e qualificou de um "símbolo da integração e da solidariedade". Morales também disse que a Fifa deve revisar a decisão sobre jogos em altitude porque "é provocadora e ofensiva", embora tenha dito estar confiante em que as associações de futebol da América do Sul aceitarão que suas seleções continuem jogando em La Paz.
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