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 | 06/03/2008 22h26min

Brasileiro detido na Espanha se queixou ao pai de ter sido tratado como "cachorro"

Pedro Luís Lima disse que ficou sem comida e sem água no aeroporto espanhol

Atualizada às 23h42min

O Ministério das Relações Exteriores pediu explicações nesta quinta-feira à Embaixada da Espanha no Brasil sobre os 30 brasileiros detidos no Aeroporto de Madri. Os pais de dois estudantes impedidos de entrar no país contaram que os filhos foram maltratados pelos agentes da imigração.

O pai do estudante Pedro Luís Lima está angustiado com a situação do filho.

— Ele estava sem se alimentar, sem beber água e dizendo que tinha sido conduzido para um local do aeroporto. Ele não sabia dizer qual era o local — conta Luis Carlos Lima, pai do estudante Pedro Luís.

Ele está chocado com a maneira como o filho foi tratado pela polícia espanhola:

— Ele disse: olha, nós estamos sendo tratados como cachorros e o policial virou para ele e disse 'vocês são cachorros'.

O pesadelo começou no Rio de Janeiro. Na noite de terça-feira, o estudante Pedro Luís Lima embarcou no Aeroporto Internacional Tom Jobim. O destino final dele era Lisboa, onde apresentaria uma tese de mestrado em ciência política.

Mas, o vôo fazia escala em Madri, para conexão. Foi nessa escala que o estudante foi detido. Ele e mais um grupo de brasileiros, que incluía uma colega dele que também se dirigia à capital portuguesa, Patrícia Rangel.

Em Juiz de Fora, Minas Gerais, a mãe de Patrícia, Jucineide Duarte, disse que até o remédio da filha foi confiscado pelos policiais:

— Ela estava muito abalada, chorando muito, se sentindo humilhada. E a única explicação que ela encontrou para o fato era ela ser brasileira.

Segundo os parentes, o governo espanhol alegou que os estudantes não tinham dinheiro e nem a documentação necessária, mas o diretor da instituição onde Pedro Luís e Patrícia estudam, José Maurício Domingues, vê outros motivos:

— Um enorme preconceito e, sobretudo, uma truculência, uma falta de critério na hora de analisar quem está entrando na Europa.

A sergipana Janine Araújo sofreu constrangimento parecido. Ela ia passar as festas de fim de ano com parentes que moram na Europa. Mas, ao chegar na Espanha, foi obrigada a voltar. Com uma câmera escondida, filmou o local onde ficou com outros brasileiros.

Só no ano passado, mais de 3 mil brasileiros foram detidos na Espanha. Em Brasília, o embaixador espanhol informou que, em média, são oito barrados por dia, porque não cumprem as exigências para entrar no país. Ele mesmo considera o número alto e disse que vai lutar para reduzi-lo.

O embaixador espanhol disse ainda que não houve discriminação contra os brasileiros. O Itamaraty declarou que o Brasil poderá dispensar o mesmo tratamento aos espanhóis que chegarem aqui. As informações são do site G1.

 
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