| 25/02/2008 15h21min
Guarda noturno aposentado, o torcedor criciumense Ivo Costa, 62 anos, atingido por uma bomba na partida contra o Avaí nesse domingo, disse que não pretende mais freqüentar o Estádio Heriberto Hulse. Fanático pelo clube, a ponto de "driblar" problemas de locomoção para estar nas arquibancadas, Costa está decepcionado e vai acompanhar os jogos do Tigre pelo rádio.
— Eu era acostumado a ver os joguinhos para me divertir. Raiva eu não tenho, mas quero que Deus me ajude a melhorar — desabafou Costa, ainda no hospital.
Conhecido como Periquito no bairro Brasília, Costa foi submetido a uma cirurgia no início da madrugada no Hospital São José para amputação da mão direita, lacerada pela bomba caseira.
De acordo com o sobrinho de Costa, André da Rocha dos Reus, além de ter mão direita amputada, o artefato provocou queimaduras nas costas do tio.
— Foi selvageria pura — desabafou.
André conta
que o tio sempre procurava um lugar isolado para acompanhar a
partida devido aos problemas de locomoção. Ele usava uma bengala, que segurava com a mão direita, já que teve os movimentos na mão esquerda comprometidos após sofrer um derrame.
O local escolhido no domingo era próximo ao cordão de isolamento entre as duas torcidas. Mas o objeto foi atirado exatamente neste local, e Costa teve a reação instintiva de pegar o artefato e arremessá-lo para longe, quando houve a explosão.
O secretário de Segurança Pública e Defesa do Cidadão, Ronaldo Benedet, classificou o fato como lamentável e anunciou que a Polícia Civil vai solicitar a prisão temporária dos envolvidos identificados pelas investigações.
Benedet também anunciou que irá ativar as corregedorias da Polícia Militar e da secretaria de Segurança Pública para avaliar se houve ou não excesso na conduta da Polícia Militar (PM), que foi reforçada por integrantes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Florianópolis e o destacamento da Cavalaria.
Para o promotor de Justiça, Alex
Teixeira da Cruz, que estava de plantão no Heriberto Hülse, os fatos registrados revelam que é preciso repensar a forma como é tratada a questão das torcidas já para os próximos jogos.
— É inadmissível que uma praça de esportes se transforme em uma praça de guerra — completou.
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