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 | 14/02/2008 12h19min

Brasil e Argentina vão monitorar comércio do trigo

Países discutem também acordo sobre automóveis

O Brasil e a Argentina decidiram monitorar o comércio de trigo. A informação foi dada pelo Secretário Executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Ivan Ramalho ontem à noite, após reunião da Comissão de Monitoramento do Comércio Brasil-Argentina, em Buenos Aires. O primeiro encontro para tratar do assunto ocorrerá no dia 18 de março, em Brasília, com a participação ampla de técnicos do MDIC e do Ministério de Agricultura, além de representantes do setor.

— Queremos monitorar o que está acontecendo no comércio e nos embarques argentinos para dar maior estabilidade no fornecimento de trigo para o Brasil — explicou Ramalho.

Ele reconheceu que o Secretário de Indústria da Argentina, Fernando Fraguío, manifestou preocupação com a medida da Câmara de Comércio Exterior (Camex), da semana passada, autorizando a importação de uma cota de até 1 milhão de toneladas de países de fora do Mercosul, com tarifa zero, por considerar insuficiente a decisão da Argentina de reativar parte de suas exportações de trigo ao Brasil.

Por outro lado, Ramalho explicou a Fraguío a preocupação de que possa faltar trigo para o mercado brasileiro. "O que o Brasil quer é que se comprometam com a regularidade dos embarques e se a Argentina atender as necessidades brasileiras de trigo é possível que os importadores brasileiros não utilizem essa alternativa de importar de outros países', ponderou Ramalho. O Brasil pediu a Argentina a estabilidade no sistema de registros de exportação e dos embarques do grão porque em sua luta contra a inflação, o fechamento do registro de exportações tem sido um mecanismo utilizado com freqência pelo governo argentino.

Automóveis

Um novo acordo regional para o setor automobilístico começará a ser discutido no próximo dia 3 de março, em São Paulo, durante reunião entre negociadores argentinos e brasileiros. O atual acordo automotivo Brasil-Argentina expira em julho e o Brasil deixou o seu discurso em favor do livre comércio, pelo menos por enquanto, para defender "um acordo mais duradouro'. "ê uma preocupação ter que renovar o convênio todo ano e não ter regras de longo prazo', afirmou ontem o Secretário Executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), Ivan Ramalho.

Ramalho foi indagado sobre se o Brasil abandonou sua tradicional posição em defesa do livre comércio de automóveis, como vem fazendo há cerca de 10 anos. Sem responder à indagação, Ramalho explicou que "não queremos só renovar o que existe, queremos uma proposta nova de maior duração". Segundo ele, "houve uma decisão importante: vamos discutir a renovação do acordo agora para não submeter o setor novamente com um acordo negociado no último momento, quando já está para expirar o anterior porque isso provoca insegurança nos negócios".

Os automóveis são os principais produtos vendidos pela Argentina ao Brasil, mais que o trigo. Com o aquecimento dos mercados em ambos os países, o governo brasileiro se sente com maiores armas para pedir à Argentina regras mais estáveis. Atualmente, o comércio é administrado por limites para importação denominados "flex", que utilizam o álcool e a gasolina como combustível. O mecanismo fixa um limite segundo o qual as exportações de um país ao outro não podem superar o equivalente a 1,9 vezes o que é importado do parceiro.

Em 2007, as exportações de automóveis da Argentina ao Brasil chegaram a US$ 1,65 bilhão, sendo que apenas US$ 434 milhões foram de carros populares. A venda de carros pequenos da Argentina ao Brasil cresceu quase 480%.

Agência Estado

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