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 | 24/01/2008 18h36min

Banco francês não sabe o paradeiro do megafraudador

Kerviel pode ser o autor da maior fraude da história em um banco

Jerome Kerviel, de 31 anos, operador de contratos futuros do banco francês Société Générale (SocGen), conseguiu uma façanha no mundo das finanças: juntou o que o banco chamou de uma série de transações fictícias sofisticadas e causou perdas de 4,9 bilhões de euros (US$ 7,2 bilhões).

O presidente e diretor-executivo do Société Générale, Daniel Bouton, disse que a instituição desconhece o paradeiro do fraudador, embora ainda esteja limpando o rastro de destruição que ele deixou atrás de si. Usando o que o co-diretor executivo Philippe Citerne descreveu como "pura fraude", Kerviel escapou da teia de sofisticados e informatizados sistemas de controle e de um exército de 2 mil supervisores de apoio para fazer pesadas apostas no índice de futuros.

O Société Générale disse que denunciou o operador financeiro aos promotores franceses. A denúncia acusa Kerviel de falsificação de registros bancários, uso fraudulento desses registros e fraude informática.

Citerne disse que o banco não percebeu as operações não autorizadas até a semana passada porque o "esperto" operador tinha um "íntimo e malicioso" conhecimento dos procedimentos do banco e também sabia os dias em que tais procedimentos eram realizados.

— Cada vez que ele se posicionava de uma forma, entrava uma operação na direção oposta para mascarar a verdadeira — explicou Citerne.

O executivo disse que não sabia explicar a motivação do funcionário, que não se beneficiou da fraude.

— Ele era mentalmente fraco. Não tenho idéia (do motivo) por que ele fez isso — afirmou Citerne.

Kerviel entrou no Société Générale em agosto de 2000 e trabalhava na mesa de futuros, na sede do banco em Paris. Ele estava encarregado das operações de hedge (proteção) com os contratos futuros de índice das bolsas européias, conhecidos como futuros plain vanilla.

Embora diga ter descoberto no último sábado o que denominou de "maciças posições direcionais fraudulentas", o banco francês esperou até hoje para que pudesse fechar tais posições antes de revelar o problema. A perda de 4,9 bilhões de euros pode fazer da fraude o maior prejuízo já causado por um operador desonesto.

Controle em xeque

O tamanho do prejuízo também colocou em questão o papel dos reguladores e até se eles seriam capazes de detectar uma fraude como essa. Christian Noyer, governador do Banco da França (banco central francês), disse que uma investigação começaria imediatamente no Société Générale para descobrir as origens e os métodos por trás do golpe.

— Analisaremos profundamente como o processo falhou e se os controles internos são suficientes — declarou.

Noyer rejeitou as insinuações de que o banco central não tenha sido suficientemente rigoroso em seu trabalho de supervisão.

— Não podemos ter um controlador atrás de cada operador em cada banco do país a todo momento. Nem as melhores leis e a melhor polícia podem impedir sempre alguém determinado a fraudar o sistema — disse ele.

EFE
 
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