| 06/12/2007 08h55min
Foi-se o tempo em que os grandes astros do futebol eram seus jogadores. A contratação do técnico Mano Menezes pelo combalido e endividado Corinthians por um salário de cerca de R$ 250 mil, mais um prêmio de R$ 1 milhão caso tire o clube paulista da Série B,e reforça uma nova tendência no Brasil: se os talentos de campo vão para o Exterior mais cedo, os técnicos viram craques.
Os salários ainda não se equiparam aos da Europa, claro, onde o português José Mourinho, por exemplo, recebia o equivalente a R$ 1,6 milhão por mês do Chelsea (Inglaterra). Mas a quantia paga pelo Santos a Wanderley Luxemburgo não deixa de ser astronômica: R$ 500 mil mensais.
É bem mais do que Luiz Felipe Scolari ganha na seleção portuguesa, 1,5 milhão de euros por
ano (cerca de R$ 325 mil mensais). O
Atlético-MG, por sua vez, acabou não renovando o contrato de Emerson Leão – que fora chamado para salvar o time da ameaça de rebaixamento no Brasileirão deste ano – devido ao alto valor do salário: R$ 300 mil.
– Tenho minhas limitações – ponderou o presidente do clube mineiro, Ziza Valadares.
No caso de Mano Menezes, o ganho pode ser justificado pelo tamanho do desafio. Como ocorreu quando assumiu o Grêmio, em 2005, o gaúcho de Passo do Sobrado encontrará um time carente de reestruturação, porém, sem dinheiro em caixa. Uma aposta no capital intelectual de Mano, dono de experiência bem-sucedida em conduzir grandes de volta à elite, pode ser comparada a ações de empresas que trazem um grande executivo para estabilizar as finanças.
– O Mano seria o que chamamos de CEO, e o Andrés Sanchez (presidente do Corinthians), o presidente do conselho – compara Rafael Souto, diretor-executivo da consultoria Produtive, responsável
por recolocar executivos no mercado de
trabalho.
Para Amir Somoggi, analista de marketing em gestão de clubes da Casual Auditores, a contratação se justifica porque mantém o princípio básico do negócio para qualquer clube: investir no departamento de futebol profissional. Títulos ainda são os principais fomentadores de novos recursos.
– Um credor não se importa em renegociar. Ele só quer ter a certeza de que vai receber – afirma.
Mas há quem discorde dos novos padrões salariais. Para José Carlos Brunoro, diretor da Brunoro Sport Business, empresa de gestão em marketing esportivo, um treinador não pode ser equiparado a um executivo, por maior que seja o processo de reestruturação que ele comande:
– Respeitando todos os treinadores, acho que há uma supervalorização dos salários. Houve uma inversão de papéis. Não temos mais o time de um jogador, é a equipe do técnico tal.
Certo é que o Corinthians de Mano Menezes enfrentará seu
primeiro desafio no Paulistão, dia 16 de janeiro, na estréia contra
o Guarani. Depois virá a Copa do Brasil e, então, aquilo que, segundo o treinador gaúcho, foi decisivo para que trocasse a proposta do Cruzeiro – que vai disputar a rica e prestigiada Libertadores – por mais uma temporada na dura Série B:
– Não existe projeto mais importante no futebol brasileiro em 2008 do que trazer o Corinthians à Série A.
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