| 23/11/2007 15h33min
Uma fera no seu estádio e uma decepção longe de casa. O Grêmio levou o título gaúcho em 2007 e esteve perto de confirmar o tri da Libertadores, perdendo na decisão para o Boca Juniors. No Brasileirão, a má campanha fora do Estado e alguns vacilos dentro do Olímpico na reta final foram determinantes para afastar a vaga à competição continental. O clicRBS conversou com cinco jornalistas e cronistas esportivos do Estado e do centro do país para fazer uma avaliação da temporada do Tricolor.
Primeiro semestre a mil
Com o Inter de fora da decisão, o Grêmio fez a final do Gauchão com o Juventude e não encontrou
maiores dificuldades para coroar a bela campanha com o bicampeonato. Embalado para a Libertadores, o
time estreou com vitória por 1 a 0 diante do Cerro Porteño no Paraguai. Entretanto, aquela seria a única vitória da equipe longe do Olímpico - o time de Mano Menezes amargou cinco derrotas fora de casa, na fase de grupos e no mata-mata. Mesmo asim chegou à final, fazendo a diferença no Estádio da Azenha.
– O Grêmio joga diferente no Olímpico. A torcida, que até mudou o jeito de se torcer no RS, acaba entusiasmando o jogador, faz com que o jogador parta para cima do adversário. Não jogou assim fora de casa, e eu coloco a responsabilidade no Mano Menezes, que é um ótimo técnico, mas ainda é inexperiente – avaliou o colunista e editor de Zero Hora, David Coimbra.
Já para o comentarista e apresentador da Rádio Gaúcha Nando Gross, a atitude diferenciada do Tricolor em campo adversário se deve ao esquema adotado por Mano:
– Está na postura tática adotada pelo treinador. O técnico deixa o time muito atrás, só esperando o adversário e
quando tem a bola não ataca – explicou.
Na decisão da Libertadores, além da qualidade do Boca Juniors, a mística da Bombonera fez valer sua força. Após o primeiro gol, marcado em impedimento pelo atacante Palacio, o Tricolor se desestabilizou e acabou levando 3 a 0, resultado muito difícil de reverter no Olímpico. Entretanto, a direção conclamou a torcida, que acabou lançando a campanha de motivação Grêmio 4x0 Boca Juniors - Eu acredito. Mesmo toda a festa e esperança não foram suficientes para conter Riquelme & Cia, que venceram também o jogo do Olímpico, desta vez por 2 a 0, assegurando o hexa para os argentinos.
– O Mano tira leite de pedra. Para o elenco do Grêmio, era isso mesmo, não se podia esperar muito mais. Ficou muito clara a inferioridade do Grêmio em relação ao Boca Juniors naquela final. Mas se pensarmos que o Grêmio é um clube em reconstrução, está de bom tamanho. O problema é convencer o torcedor disso – comentou o colunista da Folha de S. Paulo e apresentador da ESPN Brasil, Juca Kfouri.
Queda de rendimento no Brasileirão
Com as vendas de Lucas, Carlos Eduardo e Lúcio, o Grêmio perdeu ainda mais qualidade. Além disso, a equipe enfrentou problemas de lesões, como Teco, Bruno Teles e
Kelly. Apesar das dificuldades, o time seguia bem no Brasileirão, com a moral elevada após as
vitórias nos dois Gre-Nais ( 2 a 0 e 1 a 0). A vaga na Libertadores parecia bem encaminhada, até o empate em 2 a 2 com o Atlético-MG no Olímpico.
Após esse jogo, o Tricolor foi a São Paulo e manteve-se a escrita em território adversário - acabou perdendo por 2 a 0 para o Palmeiras, rival direto por um lugar no G-4.
– O grande problema do Grêmio nesse ano foi o grande número de expulsões, muitos cartões e também não conseguiu ganhar jogos fora de casa. Em casa, era um time que atropelava, fora tinha muitas dificuldades – salientou Paulo Roberto Falcão, colunista de Zero Hora e comentarista da TV Globo.
– Chegou a reta final, o time perdeu alguns pontos. Não ganhou jogo fora de casa que precisava ter vencido, talvez essa tenha sido a matemática contra o Grêmio – apontou o apresentador do Sportv e narrador da TV Globo, Cléber Machado.
A partida contra o Palmeiras ainda teve ingredientes extra-campo: troca de
provocações entre os técnicos Mano Menezes e
Caio Júnior, além da expulsão de Gavilán pela agressão em Valdívia. Depois daquele jogo, o Tricolor bateu Goiás e Náutico dentro do Olímpico, mas perdeu para Flamengo e Atlético-PR (este também um jogo tumultuado). Instável, o confronto com o Figueirense tomou ares decisivos para a classificação à Libertadores, só que nem mesmo a pressão da torcida conseguiu empurrar o time, que acabou perdendo, de virada, por 2 a 1.
No confronto seguinte, a derrota para o campeão São Paulo por 1 a 0 praticamente sepultou as chances do Grêmio disputar a Copa Libertadores de 2008. Agora, resta ao time terminar bem o Brasileirão e projetar o próximo ano, começando com uma reformulação no grupo:
– O problema foi que o time foi perdendo jogadores e não foi repondo. Chegou em um momento decisivo, de reta final do campeonato, e o Grêmio sem força – destacou Nando Gross.
Com chances remotas de classificação à Libertadores, o grupo espera, ao menos, fechar o ano com vitórias sobre América, em Natal, e Corinthians, em Porto Alegre. Finalizado o Brasileirão 2007, será hora de reorganizar a casa para os desafios do próximo ano.
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