A pouco mais de três meses das eleições gerais na Espanha, a discussão entre o rei Juan Carlos e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, entrou para a agenda da campanha eleitoral espanhola. Praticamente empatados em pesquisas de opinião divulgadas nesta segunda-feira, o oposicionista Partido Popular (PP) aproveitou o episódio para criticar a política externa do premiê socialista José Luis Rodríguez Zapatero, que teria sido "muito tolerante" com Chávez. Ángel Acebes, secretário-geral da sigla, pediu hoje que o governo chame o embaixador espanhol em Caracas.

O ex-premier espanhol Jose Maria Aznar, alvo das críticas do governante venezuelano que levaram ao desentendimento, está na Colômbia para uma série de conferências e não quis comentar o caso. O Partido Socialista (PSOE) disse que a reação do rei foi "adequada". O ministro espanhol das Relações Exteriores, Miguel Angel Moratinos, descartou qualquer sanção diplomática contra Caracas e classificou o caso como "incidente diplomático".

Moratinos disse que a discussão não deve afetar as relações bilaterais entre os dois países. Desde que Chávez assumiu o poder, em 1999, empresas espanholas já investiram cerca de US$ 2,5 bilhões na Venezuela. Os principais investidores são os bancos Santander e BBVA, a petrolífera Repsol, a Telefónica e a seguradora Mapfre.