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 | 03/10/2006 20h17min

Identificação de corpos do vôo 1907 pode durar até dois anos

Restos mortais começaram a ser enviados para IML de Brasília

O trabalho de identificação dos corpos dos passageiros do vôo 1907 da Gol, que será realizado no Instituto Médico Legal (IML) de Brasília, pode demorar até dois anos. As equipes de resgate da Força Aérea Brasileira (FAB) encontraram hoje os corpos do comandante do vôo 1907 da Gol, Décio Chaves Jr, e do co-piloto Thiago Jordão Cruso.

Eles foram localizados pela manhã, entre os destroços da cabine do avião, na Serra do Cachimbo, divisa do Mato Grosso com o Pará, onde a aeronave com 155 pessoas havia caído sexta-feira à tarde. Nesta terça, também foram encontrados cerca de 50 restos mortais de passageiros e tripulantes.

O resgate dos corpos, no entanto, ainda é lento. As operações só foram reiniciadas às 9h, devido a um temporal que desabou sobre a região. Além das dificuldades climáticas e da convivência com onças, cobras e jacarés, a concentração de enxames de abelhas obriga os militares a desviarem do caminho e abrirem novas trilhas.

Para facilitar o trabalho, os militares que permanecem acampados na floresta estão abrindo picadas e içando os restos mortais, ensacados e catalogados, até os helicópteros. Tão logo as primeiras remessas chegarem à Fazenda Jarinã – onde a FAB montou uma base operacional –, serão colocados em um caminhão com câmara-fria e tranportados até a Base Aérea do Cachimbo, de onde seguirão para Brasília.

Segundo o perito criminal Zuilton Braz Marcelin, que trabalha na identificação preliminar dos corpos, a coleta de impressões digitais, quando possível, é realizada ainda na floresta. O material também está sendo fotografado para facilitar a futura identificação. O recolhimento de objetos pessoais e documentos de passageiros também pode auxiliar no reconhecimento dos cadáveres.

Na segunda, Marcelin permaneceu por uma hora e meia no local do desastre. Nesse período, foi possível analisar 12 corpos, localizados todos próximos a 200 metros do trem de pouso da aeronave. Outros foram recolhidos num raio de até 800 metros dos destroços. Um dado que intriga os peritos é a ausência de sangue nas poltronas da aeronave.

Marcelin confirmou que passageiros foram encontrados em covas de até meio metro de profundidade, em função da velocidade com que bateram no chão e do tipo de solo na região.

– É um solo fofo, coberto por muitas folhagens. Ao caminhar, às vezes a gente enfia o pé na terra – disse Marcelin.

O chefe da Delegacia de Investigações Especiais de Cuiabá, Luciano Inácio Silva, que preside o inquérito, já ouviu o depoimento de três moradores da região. Funcionários da Fazenda Madeiruna, por volta das 16h30min (17h30min de Brasília) de sexta eles trabalhavam na construção de uma rampa quando viram a aeronave caindo.

– Eles perceberam uma fumaça em formato de "S" no céu e logo em seguida viram o avião descontrolado, fazendo movimentos para a direita e a esquerda, como se fosse uma folha de papel caindo, só que em alta velocidade – afirmou Silva.

Outros peões que atuavam em uma queimada nas redondezas também serão ouvidos pelo delegado. Eles não testemunharam a queda da aeronave mas ouviram a explosão. Os depoimentos foram transmitidos ao Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão ligado à FAB. Silva espera agora um relato sobre as informações das caixas-pretas.

Ele não descarta a possibilidade de ouvir pessoalmente os pilotos do Legacy que colidiu com o boeing da Gol. Os dois, um italiano e outro norte-americano, prestaram depoimento em Cuiabá e tiveram os passaportes apreendidos por determinação judicial.

FÁBIO SCHAFFNER/AGÊNCIA RBS
 
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