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Lei promove limpeza étnica no Iraque

Quando os homens de Saddam Hussein vieram buscá-los, Omar Osman Siddiq e sua família partiram silenciosamente. Com sua esposa e oito filhos, Siddiq, em silêncio, colocou os bens da família em um caminhão que os aguardava para levá-los para longe de sua casa em Kirkuk, uma cidade rica em petróleo, onde seus antepassados viveram por gerações. Em uma delegacia de polícia, Siddiq entregou os documentos pessoais, necessários para a vida cotidiana de um iraquiano, incluindo carteiras de identidade, um livreto para as rações semanais de alimentos e até mesmo o registro do carro da família. Cercado por guardas armados, ele enfrentou uma última humilhação, assinando um documento no qual atestava que tudo havia sido feito conforme a lei, e voluntariamente. Ao anoitecer, o caminhão chegou a seu destino final: uma área no árido deserto 130 quilômetros a leste de Kirkuk, logo além dos 90% do Iraque governados por Saddam e dentro do enclave curdo que tem uma precária existência sob a proteção aérea do Ocidente.

A deportação da família, em julho, ocorreu após os Siddiq terem rejeitado o Decreto 199, uma ordem presidencial baixada por Saddam para reforçar uma política populacional que é o equivalente iraquiano a uma "limpeza étnica". Os Siddiq são curdos, o grupo étnico predominante no norte do Iraque, e o Decreto 199, baixado no ano passado, estabelece um procedimento conhecido como "correção de nacionalidade". Ele dá aos curdos e outras minorias a chance de declarar que, "equivocadamente", registraram a si mesmo como não-árabes e que desejam reclamar suas origens árabes.

A política foi usada principalmente contra os curdos iraquianos, que correspondem a cerca de 25% da população de 23 milhões de pessoas do país e são de longe o maior grupo minoritário. Mas também foi utilizada contra armênios, assírios e turcos, entre outros.

Resistir aos policiais de Saddam é arriscar-se a severas punições, incluindo execução, de acordo com os refugiados curdos e organizações de direitos humanos. Assim, os Siddiq foram cuidadosos e não disseram nada de provocativo quando os homens chegaram com o caminhão. As crianças foram ensinadas a não chorar ou fazer perguntas, e acima de tudo não dizer nada de depreciativo sobre Saddam.

 
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