| 16/08/2006 10h23min
Para o desembargador Marco Aurélio da Costa Moreira, 70 anos, o azul tem que ficar por baixo sempre. É estranho ver a cor do arquirrival por baixo da roupa do colorado fanático. Mas a verdade é que essa é a camisa da sorte do advogado. E ela estará hoje, no Beira-Rio, se somando a outros milhares de patuás, orações e amuletos que possam trazer sorte.
Certeza de que dará certo, ninguém tem, mas a tentação de usar a mesma roupa ou sentar na mesmo poltrona que deu sorte em outros campeonatos é irresistível. As superstições, no mínimo, rendem boas histórias. A da camisa azul do desembargador é antiga, começou lá pela década de 40, quando o pequeno Oliveira foi levado pelo tio a um Gre-Nal no Estádio da Baixada, antiga sede do Grêmio, fardado com a cor do time do tio, o azul.
– Era para eu torcer para o Grêmio, mas quando eu vi a camisa vermelha entrar em campo, o meu coração tremeu. O Inter ganhou de 3 a 0. Aí iniciava a história da camisa azul – lembrou o desembargador.
A camisa por baixo, aliás, tem muitos adeptos. A jornalista e empresária Eleonora Rizzo, 48, mandou ontem para a lavanderia a camisa reservada para as decisões. Uma camiseta do Inter de 1970 estará sob a roupa de Eleonora, trazendo junto a marca de um autógrafo de Paulo Roberto Falcão.
Superstição não precisa ser antiga. A reza do comerciante Felipe da Costa Kuhn, 42, é uma profecia recente, mas infalível. Desde o início da Libertadores, Kuhn se ajoelha de costas para o campo, levanta os braços e reza. As preces não são dirigidas a nenhum santo, não passam de um amontoado de pensamentos positivos. Mas funcionam.
– Meu filho percebeu que sempre que eu fazia isso, o Inter ganhava – afirmou Kuhn.
Nesta noite, o concreto da arquibancada do Beira-Rio aguardará os joelhos de Kuhn como nunca.
Já o advogado Leopoldo Justino Girardi Jr., 27 anos, coleciona superstições, quando o assunto é o Colorado. Tanto que chega a numerá-las: 1) Não leva ao estádio ninguém que nunca tenha ido a partidas do Inter com ele antes. 2) Quando o Inter se apresenta fora de casa, vê jogo tomando chimarrão. Quando o Inter ataca, a cuia tem que estar vazia, quando o Inter é atacado, ela tem que estar cheia. 3) A camisa nova do Inter que ganhou da sua mulher dá azar. Só usa a camisa velha.
Mas no último dia 5 de junho, Leopoldo esqueceu todas elas. Um novo amuleto, chamado Rafaela, chegou à casa dos Girardi.
– Se nascesse homem, seria Fernandão, se fosse menina, Rafaela. Ainda por cima, a coincidência com o nome do Rafael Sobis – destacou.
Desde que a menina nasceu, não teve para ninguém, só deu o Colorado. Os amigos chegam a telefonar para Leopoldo, para que este lembre de assistir ao jogo com Rafaela. Ninguém mais duvida do poder da menina.
GABRIEL BRUST / ZERO HORAGrupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2008 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.