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Gaúchos temem fim de barreiras

O anúncio de que o país deverá eliminar as barreiras e cotas para a importação de produtos argentinos, feito pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, causa preocupação em setores da economia gaúcha, como as áreas de leite e vinho. Apesar de a quase totalidade dos negócios entre Brasil e Argentina já ser feita sem restrições, representantes dos dois segmentos encaram o anúncio como um estímulo ao ingresso destes produtos no Brasil, prejudicando indústrias e produtores.

As medidas deverão ser anunciadas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso durante sua visita a Buenos Aires, nos dias 17 e 18. No setor leiteiro, o receio é de que um acordo que estabelece o preço mínimo da tonelada de leite em pó em US$ 1,9 mil seja eliminado. De acordo com Ernesto Krug, presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas (AGL), o acordo entre os dois países é válido até o dia 23 de fevereiro e seria renegociado.

– É um absurdo total, essa medida não faz sentido. O produtor de leite brasileiro já teve seu pior ano e se abrirem as porteiras de vez vai ser ainda pior. No ano passado, entraram no país quase 1 bilhão de litros de leite e derivados vindos da Argentina e, com a medida, este volume deve aumentar – critica Krug.

Para o presidente da AGL, o estímulo do governo à entrada de produtos importados no país pode fazer com que o Brasil volte a comprar quase 4 bilhões de litros e derivados de leite da Argentina, como já ocorreu no passado. Entre os efeitos da mudança, Krug prevê o desequilíbrio nos preços.

Para as vinícolas, a medida também não é uma boa notícia. O presidente União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), José Carlos Estefenon, frisa que o ingresso de vinhos importados já é acentuado no país e que o estimulo para o ingresso do produto argentino agrava ainda mais a situação. O assunto foi tratado ontem, dia 7, por Estefenon no Ministério da Agricultura, em Brasília.

– O consumo de vinhos finos de viníferas no Brasil já foi, no ano passado, metade de importados e metade de nacional. É um volume acentuado e que, com a medida, tende a se agravar – lamenta o empresário.


 
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