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 | 29/11/2001 07h50min

Motim termina em carnificina em Qala-e-Jhangi

O motim no forte de Qala-e-Jhangi, no norte afegão, palco desde domingo, dia 25, de uma rebelião envolvendo cerca de 450 estrangeiros presos que lutavam ao lado do Talibã, terminou em carnificina. As portas de Qala-e-Jhangi foram abertas depois que os últimos amotinados – cerca de 30 – foram encurralados, na madrugada de ontem, dia 28. Integrantes da Cruz Vermelha e jornalistas relataram que dezenas de cadáveres forram o chão do local. Segundo testemunhas, além dos presos, cavalos mortos estão atirados na prisão. Um cheiro acre tomou conta da região, que até ontem, dia 28, ainda fumegava depois dos pesados bombardeios lançados nos últimos dias. Nos portões do forte, mais corpos apareciam enfileirados, tanto de aliancistas quanto de combatentes estrangeiros. A Anistia Internacional cobrou uma investigação urgente sobre a rebelião, debelada pela Aliança do Norte. Aviões americanos atacaram a fortaleza para ajudar a sufocar a revolta, e cinco soldados dos EUA foram feridos por uma bomba que errou o alvo. Johnny Michael Spann, agente da CIA, a agência de inteligência americana, morreu. Os rebelados haviam se rendido pouco antes de a Aliança do Norte ter tomado a cidade de Kunduz, no norte afegão. O inferno começou no domingo. Os prisioneiros teriam assaltado um depósito de armas e enfrentado as forças aliancistas. Outra versão indica que a rebelião teve início depois que agentes da CIA resolveram interrogar os presos. O general Rashid Dostum, comandante da Aliança do Norte na região, negou que o motim tenha sido motivado por maus-tratos infligidos aos detentos. Mas não conseguiu explicar como a carnificina no forte de Qala-e-Jhangi ocorreu. Desde segunda-feira, as descrições sobre o que aconteceu no forte são chocantes. Corpos estão por todo o lugar, inclusive em valas. Moradores da região falam de enforcamentos. Imagens mostram soldados chutando os corpos, tirando os dentes dos que sucumbiram à tragédia, pisoteando tudo o que encontram pela frente. Mesmo assim, os EUA garantem que os prisioneiros do forte são vítimas de guerra e negam uma matança cruel. – As mortes foram resultado de batalhas. Não há o que questionar. No total, matamos 450. Nenhum aceitou render-se – disse, em Islamabad, Kenton Keith, porta-voz da coalizão antiterrorista liderada pelos EUA. • Saiba mais em reportagens especiais, entrevistas e artigos de ZH Veja os locais dominados pela Aliança do Norte

 
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