Haiti | 18/07/2012 06h14min
A médica catarinense Zilda Arns será homenageada nesta quarta-feira no país onde trabalhou e perdeu a vida em um terremoto há dois anos. Na sede da embaixada brasileira da Capital do Haiti, Porto Príncipe, devastada pelo fenômeno em janeiro de 2010, o Ministério da Saúde inaugura o Espaço de Saúde Zilda Arns, que servirá de base para o projeto de recuperação do sistema de saúde local.
A sala de 200 metros quadrados foi idealizada após um acordo de cooperação entre os governos do Brasil, Haiti e Cuba para reestruturação da saúde pública em Porto Príncipe.
— Vai ser nosso quartel general e nada mais justo que dar a ele o nome dessa brasileira que dedicou sua vida à saúde e às causas humanitárias — explica Alberto Kleiman, assessor do ministro da Saúde Alexandre Padilha.
O projeto prevê a construção de três hospitais e de campanhas nacionais de vacinação. Os hospitais devem ficar prontos até o início de 2013 e o governo do Brasil está disponibilizando R$ 123 milhões nessa missão de recuperação da saúde haitiana.
Em uma das paredes do espaço de saúde estão um painel com a biografia e um quadro com a fotografia da pediatra e sanitarista Zilda Arns, nascida em Forquilhinha, no Sul do Estado. O filho de Zilda, o médico e
coordenador internacional da Pastoral da Criança, Nelson Arns Neumann, foi prestigiar a cerimônia de inauguração do local à convite do Ministério das Relações Exteriores.
De acordo com Kleiman, médicos e técnicos de saúde do Brasil que irão prestar serviços no Haiti nos próximos meses ficarão concentrados no Espaço de Saúde Zilda Arns.
A primeiro reunião oficial no local acontecerá amanhã e sexta-feira, com integrantes do projeto em parceria entre Cuba, Brasil e Haiti. Irão trabalhar no local de maneira definitiva a médica Elisabeth Wartfholf e a epidemiologista Elisabeth David da Silva.
A inauguração do Espaço de Saúde Zilda Arns em Porto Príncipe, no Haiti, é uma homenagem à médica catarinense nascida em Forquilhinha, no Sul de SC. O local será inaugurado nesta quarta-feira, às 17h30min (horário de Brasília).
Veja a galeria de fotos da trajetória da catarinense Zilda Arns
O espaço serve de abrigo a reuniões de equipes técnicas do Ministério da Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, UFSC e UFRGS. Os serviços prestados integram a cooperação em saúde entre os governos do Brasil, Haiti e Cuba.
Relembre a trajetória de Zilda Arns:
:: Zilda Arns Neumann morreu em 2010 no terremoto do Haiti, onde estava para realizar palestras e prestar ajuda humanitária. A Pastoral criada por ela atendeu mais de 1,4 milhões de crianças abaixo de 6 anos entre outubro de 2011 e abril de 2012.
:: Ela estava em Porto Príncipe, em missão humanitária, para introduzir a Pastoral da Criança no Haiti. No dia 12 de janeiro de 2010, pouco depois de ministrar uma palestra num igreja para cerca de 15 religiosos de Cuba, o país foi atingido por um violento terremoto sendo a Dra. Zilda foi uma das milhares vítimas da catástrofe.
:: Zilda foi enterrada em Curitiba, no dia 16 de janeiro de 2010.
Ouça a entrevista gravada um dia após o terremoto com o sobrinho de Zilda Arns, Flávio Arns, aqui.
Zilda Arns recebe homenagem em Forquilhinha, onde nasceu
Foto: Mário Brasil/Agência RBS - 27/04/2001
:: Em 2011, foi Zilda Arns foi indicada pela Câmara dos Deputados ao Prêmio Nobel da Paz. Foi a quinta indicação dela ao prêmio. Antes disso, Zilda já havia sido indicada pelo governo brasileiro em 2001, 2002, 2003 e 2006.
:: Dividia seu tempo entre os compromissos como coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e a participação como representante titular da CNBB no Conselho Nacional de Saúde, e como membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
:: Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança com o presidente da CNBB, dom Geraldo Majella, Cardeal Agnelo, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil que, à época, era Arcebispo de Londrina.
:: Em 1980, foi convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin, para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória, no Paraná, criando um método próprio, depois adotado pelo Ministério da Saúde.
:: Formada em Medicina pela UFPR, aprofundou-se em saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando a salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar.
Foto da família de Zilda Arns
Foto: Reprodução
:: Zilda nasceu no dia 25 de agosto de 1934, em Forquilhinha (SC). Em 26 de dezembro de 1959, Zilda casou-se com Aloísio Bruno Neumann (1931-1978), com quem teve seis filhos: Marcelo (falecido três dias após o parto), Rubens, Nelson, Heloísa, Rogério e Sílvia (que faleceu em 2003 num acidente automobilístico). Zilda Arns era avó de nove netos.
Zilda Arns em viagem a Angola, na África
Foto: Ana Cristina Suzina/Divulgação
:: Pelo trabalho na área social, Zilda Arns recebeu as seguintes condecorações:
- Woodrow Wilson, da Woodrow Wilson Fundation, em 2007
- Opus Prize, da Opus Prize Foundation (EUA), pelo inovador programa de saúde pública que ajuda famílias carentes, em 2006
- Heroína da Saúde Pública das Américas (OPAS/2002)
- 1º Prêmio Direitos Humanos (USP/2000)
- Personalidade Brasileira de Destaque no Trabalho em Prol da Saúde da Criança (Unicef/1988)
- Prêmio Humanitário (Lions Club Internacional/1997)
- Prêmio Internacional em Administração Sanitária (OPAS/ 1994)
- Títulos de Doutor Honoris Causa das Universidades: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Universidade do Extremo-Sul Catarinense de Criciúma, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Sul de Santa Catarina.
- Zilda foi condecorada Cidadã Honorária de 10 estados e 35 municípios
O terremoto
- Em 12 de janeiro de 2010, o Haiti sofreu um terremoto catastrófico que teve seu epicentro na parte oriental da península de Tiburon, a cerca de 25 km da capital haitiana, Porto Príncipe. O forte terremoto de 7 graus na escala Richter destruiu o país.
Em infográfico produzido um dia após o terremoto, entenda o que aconteceu em 12 de janeiro de 2010 no Haiti
Brasileiros mortos
:: O Comitê Internacional da Cruz Vermelha estima que cerca de três milhões de pessoas foram afetadas pelo abalo. Estima-se que cerca de 200 mil pessoas tenham morrido. Entre as vítimas, que inclui 14 brasileiros, está a catarinense Zilda Arns, coordenadora da Pastoral da Criança. Os outros 13 eram militares brasileiros.
DIÁRIO CATARINENSE
No local onde funcionará o programa de saúde há uma foto e o histórico da catarinense
Foto:
Divulgação
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Ministério da Saúde
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