Forças de segurança palestinas retomaram o controle de Belém nesta quarta, dia 2, momentos após tropas israelenses terem se retirado da cidade da Cisjordânia – sagrada para muçulmanos, judeus e cristãos – após mais de um ano de ocupação. A entrega se seguiu a conversas na última terça entre os premiês de Israel, Ariel Sharon, e palestino, Mahmoud Abbas, que se comprometeram a fazer avançar no plano de paz internacional para Oriente Médio, o chamado "mapa da paz".

Belém foi palco de lutas acirradas ano passado, no ápice da nova Intifada. A cidade foi pesadamente ocupada por Israel à época e, ultimamente, soldados israelenses patrulhavam Belém sem muita freqüência. Após a entrega, as tropas do Estado judeu continuarão a cercar Belém e restringir o movimento de quem entra e sai na cidade – o que torna a retirada amplamente simbólica. Segundo o acordo, a polícia palestina deverá reprimir radicais e impedir atentados contra israelenses.

Após a saída dos judeus, sinos dobraram na Igreja da Natividade, construída sobre o local onde acredita-se que Jesus tenha nascido. Policiais palestinos armados saíram da delegacia local, com as sirenes dos carros ligadas, celebrando. Apesar de aliviados com o fim das incursões do Exército de Israel e seu toque de recolher, muitos moradores de Belém continuavam céticos, devido aos cerco contínuo à cidade.

– É uma retirada cerimonial, não real – disse o prefeito Hanna Nasser, sobre o acordo selado num encontro nesta terça, entre os premiês de Israel, Ariel Sharon, e palestino, Mahmoud Abbas.

Comprometendo-se a pôr fim a quase três anos de violência contínua, os líderes concordaram em criar quatro comitês que trabalharão na implementação do chamado "mapa da paz", que prevê a criação de um Estado palestino até 2005 nas áreas ocupadas da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, em troca de segurança para Israel e seus cidadãos.

- Podemos fazer isso juntos e as condições agora são promissoras - disse um funcionário da Autoridade Nacional Palestina (ANP), citando uma frase de Abbas a Sharon.

O ministro palestino da Informação, Nabil Amr, disse que os premiês se encontrarão novamente na próxima terça, dia 8. A entrega de Belém se segue à retirada israelense da Faixa de Gaza, o que devolveu aos palestinos a liberdade de movimento na área pela primeira vez desde a eclosão da nova Intifada (revolta contra a ocupação), em setembro de 2002.

O Exército de Israel disse que suas forças em Gaza foram atacadas duas vezes mas não houve baixas – o que é considerado uma calma relativa. O "mapa da paz" exige que a polícia palestina preencha os vácuos de segurança sempre que tropas israelenses se retirarem.

As informações são da agência Reuters.