Haiti | 13/01/2010 13h14min
Doze mortes de brasileiros já foram confirmadas em decorrência do terremoto de 7,0 graus da escala Richter que atingiu o Haiti nesta terça-feira — a missionária Zilda Arns e 11 militares, um deles gaúcho. O primeiro tenente Bruno Ribeiro Mário, de 26 anos, era natural de São Gabriel e servia na base de Lorena, em São Paulo, há três
anos. Segundo o Exército, além dos 11 militares
mortos, sete estão desaparecidos e outros sete ficaram feridos.
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A família de Bruno, que vive em Santa Maria, foi avisada por telefone. A governadora Yeda Crusius, que participava do ato de assinatura do projeto de lei que doou imóvel do governo do Rio Grande do Sul para o Distrito Industrial da cidade, transmitiu a notícia aos participantes da reunião:
— Através de Brasília, sabemos do nome de quatro militares mortos e um deles é de Santa Maria.
Há 44 militares
gaúchos no Haiti. Segundo o coronel Sylvio Cardoso, chefe da Comunicação Social do
Comando Regional do Sul, eles são de unidades de engenharia do Comando Regional do Sul, pertencem a quartéis de São Gabriel e Alegrete, do Rio Grande do Sul, e Lages e Porto União, de Santa Catarina. A maioria de militares enviados, porém, é de São Paulo.
Em entrevista à Rádio Gaúcha, o sobrinho de Zilda Arns, o senador Flávio Arns, lamentou a morte da missionária:
— Acabei de saber da notícia, estava vindo à Brasília. A gente lamenta, uma perda extraordinária, enorme, para o Brasil e para o mundo. Mas, ao mesmo tempo, um trabalho extraordinário, que fica como um legado de uma vida dedicada ao próximo.
O irmão de Zilda, o cardeal dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo, foi avisado por telefone pelo chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho:
— Ela morreu de uma maneira muito bonita, morreu na causa que sempre acreditou.
Em infográfico, entenda o que aconteceu no país caribenho
Segundo o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim, o presidente Lula ficou chocado com a morte de Zilda, de 73 anos, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa. No final da manhã, o ministro interino da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), Rogério Sottili, informou haver relatos de que mais de 17 brasileiros estariam mortos no terremoto.
A tragédia afetou cerca de 3,5 milhões dos 10 milhões de habitantes do país. O Itamaraty informou que há 1.310 brasileiros no Haiti. Segundo o Ministério da Defesa, há 1.266 militares brasileiros no país. O governo brasileiro enviará até amanhã dois aviões C-130 Hércules com 14 toneladas de alimento e água para o Haiti. As aeronaves transportarão presunto, sardinha, açúcar cristal e água. Os aviões sairão da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. Paralelamente serão encaminhados mais US$ 10 milhões em ajuda.
Pelo menos 80% da população do Haiti vive abaixo da linha da pobreza. A concentração populacional é na capital Porto Príncipe que sofre constantes ataques urbanos em decorrência de uma elevada violência provocada pela ação de gangues. Desde de 2004, forças de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) atuam no país. O Brasil foi o
responsável pela
organização das forças de paz no Haiti. O objetivo é colaborar na reconstrução física e institucional haitiana com apoio nas áreas de segurança, de engenharia e saúde.
A ocorrência de terremotos no país é frequente. O terremoto ocorrido ontem com 7.3 de magnitude na escala Richter atingiu o país a aproximadamente 22 quilômetros da capital Porto Príncipe. Houve vários outros tremores com magnitude em torno de 5.9 graus.
Os tremores destruíram boa parte do país — do palácio presidencial a escolas, um hospital inteiro no centro de Porto Príncipe, casas e edifícios públicos. Estradas e o aeroporto da capital haitiana também sofreram abalos. A embaixada brasileira sofreu apenas rachaduras. Segundo especialistas, várias construções no país vizinho são construída sem observação técnica.
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