| 06/01/2010 18h52min
Nesta quinta, dia 7, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) faz o primeiro leilão de PEP do ano para o trigo colhido em 2009 e que ainda está estocado no sul, principal região produtora. Com o mercado praticamente paralisado, esta é a única alternativa de venda dos produtos. Entretanto, os descontos tiram a vantagem do preço mínimo que essa modalidade de negócio garante ao produtor.
O Paraná, maior produtor nacional de trigo, colheu 2,6 milhões de toneladas em 2009. O Estado perdeu quase um milhão de toneladas com o excesso de chuvas e as doenças. O governo federal deu suporte ao preço mínimo para o grão bem classificado através dos leilões de Prêmio de Escoamento do Produto (PEP). Foram nove no Estado, de outubro a dezembro. Mas, segundo o Sindicato Rural de Londrina, essa modalidade de negócio desconta R$ 5, em média, do produtor, que fica sem saída: se não perde para o mercado, fica com o ônus dos descontos.
Os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina já têm as Aquisições do Governo Federal (AGF) para o trigo. Porém, segundo o diretor do Departamento de Política Agrícola do governo federal, Sílvio Farnesi, não há previsão de compra de trigo paranaense este mês. Segundo ele, o Brasil tem 700 mil toneladas de trigo estocadas e faltaria espaço se mais fosse adquirido. O Paraná ainda tem 1,4 milhão de toneladas do cereal esperando comprador. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, diz que sozinho não consegue mudar esse cenário negativo. Ele cobra da equipe econômica do governo federal uma política definida para o trigo nacional.
— O que eu tenho colocado é que, com os exemplos e problemas que tivemos esse ano, o Brasil precisa definir uma política em relação ao trigo e aí sim prever todos os aspectos. Primeiro, tem que decidir se ele quer se tornar autossuficiente, se quer continuar produzindo trigo. Eu, como ministro da Agricultura, defendo que sim, porque gera economia, emprego, atividade durante a entressafra. Então, é bom para o agricultor, para a economia das pequenas comunidades e municípios e até para os grandes Estados produtores — explica Stephanes. O ministro completa:
— Uma vez definido isso e se o governo concordar com a tese do ministro da Agricultura, nós temos que impor algumas barreiras para importação de trigo, naqueles momentos de colheita. Nós não podemos estar estocados e depois deprimir os preços do trigo. Precisamos prever os riscos que nós corremos ao produzir trigo, e que eu acho que não são maiores que os riscos que os próprios países fornecedores, como a Argentina, têm. E aí temos que achar uma forma de assegurar a comercialização e mesmo dar um seguro para esses eventuais riscos — finaliza Reinhold Stephanes.
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