| 19/12/2009 18h10min
A continuidade do crescimento econômico é compatível com o que se convencionou chamar de sustentabilidade? O progresso social sempre dependerá do crescimento econômico? As análises usadas para se avaliar essa relação estão baseadas em convenções ultrapassadas, criadas quando nem se percebia a existência do aquecimento global?
Essas e outras questões estão no centro das discussões do livro Mundo em Transe: Do aquecimento global ao ecodesenvolvimento, do economista e especialista em desenvolvimento sustentável José Eli da Veiga, lançado nessa semana, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
O livro, que chegou durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), em Copenhague, na Dinamarca, está centrado principalmente na discussão do aquecimento global, mas também discute a transição para a economia de baixo carbono e a questão do monitoramento do ecodesenvovimento.
Segundo o autor, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), a transição para uma economia de baixo carbono já avançou mais do que se imagina.
– Esse processo começou há mais de 35 anos com a Dinamarca, que tomou a decisão política de reduzir a dependência do petróleo desde a primeira grande crise energética, na década de 1970, buscando alternativas que não comprometessem seu desenvolvimento – contou.
Mas, segundo Veiga, a questão é que, apesar de ter avançado muito também em outros países, a redução de emissão de carbono não resolve o problema, uma vez que “as emissões continuam aumentando”.
Na visão do autor, o que estimula as nações a se engajarem na transição ao baixo carbono é a visão de que o combate ao aquecimento global criará uma nova era de progresso e prosperidade.
– A descarbonização foi apenas relativa, pois, como se sabe, não resultou em movimento ao baixo carbono em termos absolutos. As emissões globais oriundas do uso de energias fósseis são cerca de 60% superiores às de 1980 e 80% acima das de 1970. Pior: são 40% superiores às de 1990, o ano base do Protocolo de Kyoto – indicou.
O dilema, segundo Veiga, é que se de um lado houve redução do consumo de carbono por meio de inovações tecnológicas, de outro a escala da economia continua aumentando, anulando a redução que se obteve por meio do avanço tecnológico.
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