| 10/12/2009 03h23min
Na Reserva do Juma, uma área de 400 mil hectares em meio à Floresta Amazônica, vivem cerca de mil agricultores e extrativistas. Pessoas simples e com renda que muitas vezes não chega a um salário mínimo são o exemplo de gente que acaba desmatando por pura necessidade de subsistência. Desde 2008, porém, quem desmata em Juma perde dinheiro.
A reserva é um caso prático daquele que será um dos principais temas da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, na Dinamarca: o REDD, sigla para Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação. Ainda assim, a proposta desse mecanismo – idealizado com o objetivo de financiar a proteção das florestas – pode ser travada pelo país que, na teoria, seria o mais beneficiado: o Brasil.
A aprovação do REDD sempre foi considerada uma das poucas certezas da COP15. No entanto, um acordo sobre o assunto, pelo menos para o governo brasileiro, depende de como será o financiamento da iniciativa. Em primeiro lugar, o país não quer que o
dinheiro venha apenas da venda
de créditos de carbono para nações ricas – que, assim, comprariam o direito de continuar poluindo. O envio de recursos precisa ser voluntário, acreditam os brasileiros. Outro receio é de que, com tanta floresta disponível para entrar no mercado, os preços cairiam demais, inviabilizando o sistema.
O governo exige ainda que a verba para estimular a conservação das florestas seja apenas um dos capítulos de um acordo maior, com mais dinheiro para adaptação dos países em desenvolvimento.
– Vínhamos muito bem até agora. Mas não haverá um acerto de REDD sem um acerto global – afirma o embaixador extraordinário para Mudanças Climáticas do Brasil, Sérgio Serra.
A vegetação é considerada um grande cofre de carbono, e sua derrubada libera enormes quantidades de gases-estufa na atmosfera. Pelos acordos internacionais existentes, não há nenhuma previsão de recursos para as florestas. Para esta conferência, porém, estava prevista ajuda para o setor. Tendo em vista
o tamanho da Amazônia, o Brasil
seria o país com mais acesso aos recursos. O destino final do dinheiro seriam comunidades que vivem nas florestas.
No caso da Reserva de Juma, o financiamento veio de uma parceria com empresas multinacionais. As famílias que vivem no local recebem um cartão de débito. Caso as inspeções confirmem que as árvores permanecem intocadas, elas recebem um crédito na conta de US$ 30 (R$ 52) por mês.
Ontem, o BNDES anunciou em Copenhague os cinco primeiros projetos de preservação que receberão dinheiro do Fundo Amazônia. Serão R$ 70 milhões a entidades que cuidam de áreas de mata no Amazonas, Pará, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Acre e Tocantins. É por um modelo semelhante ao Fundo Amazônia que os diplomatas brasileiras estão lutando na COP15.
Gustavo Bonato viajou a convite do Climate Change Media Partnership
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