| 29/11/2009 17h23min
As projeções apresentadas pelo governo federal para reduzir as emissões de carbono indicam que a matriz energética brasileira ficará menos limpa nos próximo anos, segundo a organização não governamental (ONG) WWF.
– Parece que o governo está prevendo sujar a nossa matriz e aumentar o nosso consumo de combustíveis fósseis, só isso justificaria o aumento das emissões – afirmou o coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia da ONG, Carlos Rittl.
Segundo Rittl, as projeções para as metas de redução de até 38,9% das emissões de carbono até 2020 apontam para o aumento da participação de fontes poluentes na geração de energia. Ele ressalta que de acordo com os números apresentados, pelo governo “a gente estaria praticamente dobrando as emissões do setor de energia de 2007 a 2020”.
Na avaliação do assessor da Secretaria de Meio Ambiente de São Paulo, Oswaldo Lucon, o Brasil está pondo em prática um modelo “chinês” de desenvolvimento.
– Um modelo de desenvolvimento sujo, com viés de grande aumento das emissões de carbono – ressaltou em entrevista à Agência Brasil.
Para contornar esse cenário, Lucon acredita que é necessário utilizar melhor a energia disponível, em vez de buscar um aumento rápido da quantidade gerada.
– Ações de eficiência energética são muito pouco discutidas. A gente fala muito em gerar mais energia, mas não fala em economizar energia.
Como exemplo, ele cita a opção brasileira pelo transporte viário.
– A gente não fala em transporte coletivo. Transporte coletivo é eficiência, ferrovia é eficiência. Hidrovia é eficiência. A gente não discute isso, só faz estrada – concluiu.
O pesquisador do Centro Nacional de Referência em Biomassa, José Roberto Moreira, destacou a importância de se dar vantagens competitivas a produção que aproveitar melhor a energia. Ele apontou como exemplo a prorrogação da desoneração para os carros menos poluentes, anunciada na última semana pelo governo federal.
Moreira ressaltou, no entanto, que o governo deve procurar obter eficiência de toda a cadeia de produção, principalmente dos setores que mais consomem energia.
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