| 28/11/2009 10h40min
Ainda não é possível conhecer as causas dos extremos climáticos que têm ocorrido no Brasil recentemente, como as fortes chuvas que provocaram estragos e causaram a morte de 135 pessoas e deixaram milhares de desabrigados em Santa Catarina em novembro de 2008. Ou, do lado oposto, a seca que, em maio deste ano, atingiu o Rio Grande do Sul e levou mais de 160 cidades a decretar estado de emergência por falta de água.
Esse foi um dos diagnósticos apresentados durante o seminário Eventos extremos no Brasil: causas e impactos, realizado essa semana na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
O evento foi iniciativa do Instituto de Estudos Avançados da USP, do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas, da Fundação Bunge e do Programa FAPESP de Pesquisa em Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).
No seminário, mediado pelo professor Jacques Marcovitch, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, os palestrantes discutiram a seca no sul do país, as chuvas causadoras de deslizamentos e inundações em Santa Catarina e também as cheias e inundações nas regiões Norte e Nordeste.
Carlos Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e coordenador do PFPMCG afirmou que, por enquanto, o que existe são questões sem respostas.
– Mas é de extrema importância debatermos o assunto – disse.
– Ainda não temos respostas sobre as causas dos extremos climáticos que vêm ocorrendo no Brasil e também no mundo. Não sabemos ainda se as fortes chuvas que atingiram Santa Catarina foram causadas por um extremo normal do clima característico da regional da América do Sul que sofre influência do oceano Atlântico ou se isso é um precursor da mudança climática – apontou.
Segundo Nobre, o mais importante é tentar entender o que é mudança climática e, principalmente, entender como a mudança climática devido ao aquecimento global exacerba a variabilidade do clima.
– As pesquisas voltadas para o estudo das mudanças climáticas indicam com clareza que a principal maneira pela qual essas alterações vão afetar o clima não é criando fenômenos novos, como o furacão Catarina, que não podemos dizer que seja ‘filhote’ do aquecimento global. Mas podemos imaginar que o aquecimento global pode e já vem causando fenômenos inusitados – afirmou.
De acordo com o pesquisador, a maneira como o aquecimento global vai afetar mais a vida da população é por meio da modificação das probabilidades de ocorrência dos fenômenos extremos conhecidos.
AGÊNCIA FAPESP
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