| 27/11/2009 10h27min
Além de atrasar o plantio da soja, principal cultura de verão, a chuva dos últimos dias já compromete a produção de arroz, a segunda lavoura mais importante do Rio Grande do Sul.
Com áreas cultivadas alagadas e outras que não poderão ser plantadas a tempo, a estimativa de perda atinge 800 mil toneladas, uma quebra de 10% em relação ao inicialmente estimado.
– É quase o consumo de arroz de um mês do Brasil, que chega a um milhão de toneladas – diz o secretário Estadual da Agricultura, João Carlos Machado, citando levantamento feito pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
Conforme a Emater/RS, no caso da soja apenas 39% da área prevista foi cultivada, enquanto o normal para a época seria em torno de 60%. O avanço foi de somente 1% em relação à semana passada. As enxurradas também causaram a perda de fertilizantes e sementes. Em pontos localizados, será necessário replantio.
Para a principal cultura de inverno no Rio Grande do Sul, o problema é a retirada da lavoura. Somente 69% da área cultivada de trigo já foi colhida, contra uma média histórica de 92%. Com o arroz exposto à elevada umidade da última semana, a tendência é de perda de qualidade e de produtividade. O atraso também ajuda a retardar o plantio da soja, por serem culturas que normalmente ocupam as mesmas áreas.
O prejuízo se espalha ainda por culturas menos expressivas. Pequeno produtor em Alegrete (RS), Dorival Vieira Pereira, 49 anos, achou que após a seca do início do ano o clima daria uma trégua e seria favorável a sua plantação de dois hectares de melancia, melão e mandioca. O cercado se desenvolvia viçoso ainda na semana passada, até o aguaceiro da sequência de temporais arruinar grande parte da sua safra.
– Ainda se salva um pouco da mandioca, mas perdi mais de 90% da melancia e do melão. Não tenho como replantar porque já passou da época – conta Pereira, que costumava carregar a carroça com a produção para vender na cidade e complementar a renda.
No primeiro semestre, foi a vez da estiagem levar prejuízos à propriedade. A falta de chuva não permitiu o desenvolvimento das pastagens cultivadas e secou o pasto nativo. Com isso, a produção de leite das 14 vacas que vende para uma indústria da cidade cai quase pela metade.
– Tirava 150 litros de leite por dia e, na época da seca, caiu para 80 litros – relata.
Outra consequência do excesso de umidade está na dificuldade de manejar os animais nas áreas já implantadas.
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