| 26/11/2009 08h48min
O ministro do Meio ambiente, Carlos Minc, disse que a Comissão Interministerial para o Clima, criada há cerca de três anos pelo governo federal para elaborar o Plano Brasileiro de Mudanças Climáticas, é que vai definir as metas – entre 36% e 39% - de redução das emissões de gás carbônico no país. O Projeto CO2 está atualmente no Senado para ser votado, de modo que as mudanças possam ser incorporadas à Lei Brasileira de Mudanças Climáticas.
A informação foi dada pelo ministro, nessa quarta, dia 25, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), durante a apresentação ao presidente da instituição, Luciano Coutinho, do estudo Economia da Mudança do Clima no Brasil: Custos e Oportunidades, lançado em Brasília.
Coordenado pela pesquisadora da Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), Carolina Dubeux, o estudo mostra as consequências macroeconômicas da mudança do clima, que não se restringem aos debates científicos e ambientais.
Segundo o documento, as mudanças climáticas no Brasil podem acarretar perdas econômicas que podem chegar a R$ 3,6 trilhões até 2050. Inspirado no Relatório Stern, estudo britânico que em 2006 calculou o custo da mudança climática em 20% do Produto Interno Bruto (PIB) global, a pesquisa brasileira parte de cenários do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) para calcular o impacto do aquecimento global nas contas do país.
– Pela primeira vez, um estudo sério quantifica setores da economia e regiões do país que serão mais impactadas pelas mudanças climáticas. É bom que se diga que, mesmo que todos os países façam o dever de casa - o que não é nada óbvio - algumas mudanças serão inevitáveis e algumas regiões do país vão sofrer muito.
O ministro citou como exemplo o Nordeste, a parte leste da Amazônia, no Pará, e a parte sul. Segundo o ministro as áreas de baixada, como a Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, que já sofre com as inundações, terão situação pior com o aumento do nível do mar, previsto para 40 centímetros daqui a 30 anos.
Minc defendeu a necessidade de lutar para alertar o mundo da necessidade de impedir que a concentração de gás carbônico na atmosfera passe de 450 partes por milhão (ppm), e que o aumento da temperatura passe de 2°C.
– Mas é preciso, ao mesmo tempo, começar a fazer mais obras de adaptação e estudos de vulnerabilidade – lembrou.
Minc adiantou que o Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, lançado nessa terça, dia 24, por ele e pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende, começará a avaliar, a partir do estudo, os impactos de vulnerabilidade tanto econômicas quanto sociais dessas mudanças.
Na opinião do ministro, as pesquisas agronômicas do país terão que estar direcionadas para culturas como a do milho, do feijão e do café, mais vulneráveis ao aquecimento global do que, por exemplo, a cana-de-açúcar – que deverá se beneficiar do processo.
– O alerta é no sentido de que as mudanças climáticas virão para valer, vão ter grande impacto na economia das regiões, em culturas como o milho, o café e o feijão; e que nós brasileiros, devemos fazer a nossa parte regulando motor, utilizando a energia solar e fazendo a coleta seletiva de lixo, entre outras medidas.
Minc afirmou que também é necessário pressionar as autoridades, a área da ciência e da tecnologia para que os estudos criem condições para que o país esteja preparado para essas mudanças.
– Porque elas virão e irão afetar a vida das futuras gerações.
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