| 21/11/2009 11h06min
Em tantos anos escassa, a chuva abundante da primavera agora causa transtornos nas lavouras do Rio Grande do Sul. O clima severo dos últimos dias atrasou ainda mais a colheita do trigo, ao mesmo tempo que retarda o plantio da soja.
Conforme a Emater, entre as culturas de verão a soja é a mais afetada pelas precipitações. O cultivo, que de acordo com a média histórica teria de estar na metade, avançou até agora em apenas 38% da área prevista, um total de 3,9 milhões de hectares. No trigo, principal plantação de inverno, as colheitadeiras passaram por somente 67% da extensão cultivada, quando o normal seria de 81%.
O mundo da soja no projeto Lavouras do Brasil
Para o arroz, a chuva torrencial dos últimos dias teve efeitos benéficos para quem depende da água das barragens, mas pode causar prejuízos para os agricultores que plantam às margens de arroios e rios, como o Santa Maria, na Fronteira Oeste, e o Jacuí, na região central do Rio Grande do Sul. O risco é o alagamento prolongado em parte das lavouras, o que poderia levar à necessidade de replantio.
– Creio que o problema chega a apenas 3% da área cultivada no Estado (um total de 1,1 milhão de hectares). Mas só saberemos depois. Depende de quanto tempo a água vai levar para baixar – diz o diretor técnico do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Valmir Menezes, ponderando que as precipitações da semana, por outro lado, possibilitaram a implantação da lavoura em cerca de 124 mil hectares ameaçados por déficit hídrico.
No caso do trigo, a possibilidade de perda é principalmente pelo aparecimento de doenças causadas por fungos devido ao excesso de umidade. As regiões mais atrasadas na colheita são Planalto e Nordeste.
– Mas até agora o trigo tem surpreendido pelo bom rendimento. Os produtores conseguiram controlar os fungos – relata Ataídes Jacobsen, assistente técnico da Emater de Passo Fundo.
Estragos atingiram legumes e verduras no litoral e em Porto Alegre
Apesar do atraso, os técnicos ressaltam que não existe, por enquanto, qualquer indicação de problemas de produtividade para a soja, principal cultura do Estado. Segundo o agrônomo Célio Colle, assessor técnico da diretoria da Emater, o temporal da última quinta, dia 19, foi mais violento na região metropolitana e no litoral norte, onde foram verificados estragos em plantações de verduras e legumes, enquanto nas demais regiões do Rio Grande do Sul os danos foram isolados.
De acordo com a Central RBS de Meteorologia, para a próxima semana o tempo deve se manter mais firme apenas na metade sul do Estado. As condições para a ocorrência de chuvas permanecem no norte, dificultando a entrada das máquinas nas lavouras. A previsão é de que somente após a virada
do mês se abra uma janela para a conclusão da
colheita e do plantio.
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