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 | 03/11/2009 15h51min

Governo adia definição de proposta brasileira para Conferência do Clima

Até o momento, única proposta consensual é redução de 80% do desmatamento da Amazônia até 2020

Atualizada às 20h26min

O governo adiou para o dia 14 de novembro a definição da proposta que o Brasil vai levar para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em dezembro, em Copenhague. O governo quer mais tempo para detalhar as medidas que serão tomadas por setores como agricultura e siderurgia para redução de emissões nacionais de gases de efeito estufa. Até o momento, a única proposta consensual é a redução de 80% do desmatamento da Amazônia até 2020.

Pelos cálculos do governo, com a redução do desmatamento da Amazônia, o Brasil deixaria de emitir cerca de 580 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano.

— É igual a todo o esforço americano se a lei deles passar no Senado — comparou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.

O controle do desmatamento nesse patamar seria suficiente para baixar os níveis de emissões nacionais em cerca de 20%. Para chegar ao número final, o governo vai calcular qual será a redução possível em outros setores. A soma das outras medidas deve ficar entre 17% e 20%.

— Vamos tomar medidas nas áreas de energia, agropecuária, siderurgia e desmatamento em outros biomas. Com a soma de esforços vamos chegar a um número significativo. O Brasil está disposto ao maior esforço possível para que a reunião de Copenhague seja bem sucedida — listou a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Dilma afirmou que a proposta que será anunciada em alguns dias não necessariamente trará os números de redução de emissões em cada setor.

— Serão linhas gerais. Não vamos apresentar os números, vamos apresentar as medidas. Até porque estamos fazendo de forma voluntária, porque achamos que é importante que o Brasil preserve suas características de país sustentável — completou Dilma.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, não descarta o número proposto por sua pasta, de redução de 40% das emissões até 2020, considerando crescimento econômico de 4% ao ano.

— Nada está descartado nem definido — afirmou o ministro.

Segundo Minc, na reunião desta terça, dia 3, foram apresentadas opções considerando cenários de crescimento da economia de 5% e 6% ao ano, a pedido da ministra Dilma.

O ministro adiantou que a contribuição da agricultura será fundamental, com ações de manejo, plantio direto e recuperação de áreas degradadas.

— A agricultura brasileira dará uma grande contribuição — disse Minc.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, participou da reunião mas deixou o encontro sem falar com a imprensa.

Parte das ações de mitigação do governo brasileiro vão depender de recursos internacionais, alguns setores menos, como a agricultura, e outros mais, como o combate ao desmatamento da Amazônia. O financiamento é justamente um dos pontos que anda travando a negociação do novo acordo climático global.

De acordo com o ministro Celso Amorim, o Banco Mundial estima que sejam necessários pelo menos US$ 400 bilhões por ano para que os países em desenvolvimento enfrentem as mudanças climáticas. Até agora, a única proposta na mesa, da União Europeia, fala em recursos na ordem de US$ 140 bilhões.

AGÊNCIA BRASIL
Antônio Cruz/Abr / 

Os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, do Meio Ambiente, Carlos Minc, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, em entrevista após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para definir a posição a ser adotada pelo Brasil na Conferência de Mudanças Climáticas, em Copenhague
Foto:  Antônio Cruz/Abr


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