| 22/10/2009 19h18min
A oferta de milho transgênico cresceu oito vezes em relação à safra passada, segundo a estimativa preliminar da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem). Porém, o produtor que utilizar a biotecnologia precisa reservar 10% da lavoura com o milho convencional.
O objetivo é preservar a produtividade. Por isso, as empresas que fornecem sementes e a Abrasem lançaram nesta quinta, dia 22, em São Paulo, a campanha Plante Refúgio, para informar essa recomendação ao produtor.
A idéia é evitar que a presença de insetos resistentes prejudique a produtividade das lavouras de milho transgênico.
— É fundamental que o produtor adote a prática de refúgio como uma medida preventiva para evitar o estabelecimento de insetos resistentes que possam colocar em risco a longevidade da tecnologia e pode demorar pouco, caso ele não tenha a prática de adoção do refúgio — afirmou o gerente de Segurança de Produtos da Monsanto, Luciano Fonseca.
Atualmente, já estão aprovadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança cinco tecnologias de milho transgênico. Três estão disponíveis desde a safra passada. As empresas comercializam em torno de 50 variedades para o mercado. O Paraná, Estado conhecido pela resistência ao transgênico, questionou recentemente que a plantação de milho convencional possa ser contaminada pela lavoura com sementes modificadas. Os fabricantes de sementes discordam.
— Não há uma sustentação científica do governo do Paraná. Todos os estudos comprovam que a adoção do milho BT é uma prática ambiental. É uma prática à medida que reduz inseticidas — disse o diretor executivo da Associação Paulista de Sementes e Mudas (APPS), Cássio Camargo.
— Ao mesmo tempo que a gente leva a mensagem do refúgio para os produtores, nós também levamos as instruções normativas da CTNBIO para que ele adote e esteja cumprindo as normas de distância mínima de plantio, justamente para evitar qualquer dispersão indesejada de pólen —acrescentou Fonseca.
Apesar do avanço, segundo a Abrasem, o Brasil está atrasado em biotecnologia em relação aos principais concorrentes. Na Argentina, 80% das lavouras são plantadas com sementes geneticamente modificadas; nos Estados Unidos, quase 100%.
— A nossa grande luta como associação nacional é disponibilizar para o produtor brasileiro as mesmas tecnologias que os outros concorrentes nossos têm disponíveis. São tecnologias que, no nosso entender, trazem inúmeras tecnologias para o produtor — explicou o superintendente-executivo da Abrasem, José Américo Pierre Rodrigues.
A safra passada foi a primeira com plantio autorizado de milho transgênico. De acordo com a associação, 5% da safra 2008/2009 foram plantados com milho geneticamente modificado. Na safrinha, este número subiu para 12% e a estimativa da entidade é de que nesta safra de verão, 40% das áreas utilizem sementes transgênicas.
Segundo a Abrasem, o número poderia ser ainda maior se a área destinada à cultura não fosse reduzida em 25% conforme as últimas previsões. É porque a soja, com melhor rentabilidade, está ocupando o espaço do milho.
— Se o negócio de milho no verão no Brasil estivesse melhor e a adoção de tecnologia fosse realmente adotada, talvez esse número fosse ainda maior. Daqueles produtores tecnificados esse número gira em torno de 60% a 65% é BT — concluiu Cássio Camargo.
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